Galeria 2008: Bergaro

MP Lafer 1978O reflexo de um MP branco na superfície escura do conversível reluzente.

O PÉROLA NEGRA

São Paulo, 26 de agosto de 2008.

Meu nome é Pedro Luiz Bergaro e, como vários amigos do Clube MP Lafer Brasil, o Lafer sempre foi um sonho desde o seu lançamento no salão do automóvel. Naquela época eu tinha um Opala 1970 e um Candango, mas sonhava constantemente com o Lafer. Os anos foram passando, veio a família, os filhos e o sonho foi ficando para trás, porém nunca esquecido.

No final de 2007, estava em uma oficina de um amigo e vi um MP Lafer preto, que estava lá fazendo uma revisão. Perguntei de imediato ao meu amigo se o dono daquele carro não gostaria de vendê-lo e a resposta foi também imediata: "Não, ele não vende esse carro por nada". Dá para imaginar a minha frustração pois o carro estava ali e nesse momento eu poderia comprá-lo e realizar meu sonho.

Dias depois estava em um aniversário e o dono da oficina também estava por lá e me disse: "Pedro, lembra do MP Lafer preto que você queria comprar? Pois bem, ele está em minha oficina e agora está a venda". Não pensei duas vezes, pedi ao meu amigo para marcar com o proprietário e no dia seguinte, mesmo sem dar uma volta no carro, fechamos o negócio. Pronto, eu não acreditava, mas era dono de um MP Lafer preto 1978, simplesmente maravilhoso.

Quando cheguei em casa e coloquei o carro na garagem, a minha primeira iniciativa foi falar com o presidente do Clube MP Lafer Brasil, primeiro para fazer a minha inscrição e segundo para que ele me indicasse alguém para fazer alguns pequenos detalhes, para deixar o MP ainda mais bonito do que já era. O Walter me recebeu muitíssimo bem, dando de imediato várias dicas sobre o MP e me indicou a Tony-Car, onde levei o carro e o mesmo passou lá 45 dias.

O dia em que eu fui buscar o MP na oficina do Toninho, era 27 de março, dia do meu aniversário. Parecia que o carro tinha uns 10 metros de largura por uns 20 metros de comprimento, tamanho o cuidado e o medo que alguém pudesse encostar no MP Lafer, que estava simplesmente magnífico.

Mas o destino me preparou uma bela surpresa: estava voltando para casa pela Rodovia dos Imigrantes com o meu Lafer preto, sem capota, quando de repente o tempo começou a mudar e rapidamente caiu uma verdadeira tempestade, e me forçou a parar embaixo de um viaduto - juntamente com vários motoqueiros que me ajudaram a colocar a capota e assim seguir viagem. Foi um verdadeiro martírio aqueles 10 km que faltavam para chegar em casa, com aquela chuva molhando e sujando todo o carro.

Festa na RivieraNesta foto-montagem, o símbolo do MP se transforma no sol que ilumina a Riviera.

A primeira saída do MP foi em abril, no passeio para a Riviera de São Lourenço. Eu e minha esposa, que sempre me acompanha, ficamos encantados com a beleza do encontro e com as pessoas com quem fizemos amizade. Depois desse passeio, veio Santana de Parnaíba que também foi muito gratificante, pela primeira grande emoção com o MP, quando na saída um senhor me parou e pediu um favor: que eu deixasse seu neto sentar no MP para tirar uma foto, pois o garoto estava apaixonado pelo carro e queria guardar uma recordação.

Esse momento foi importante porque eu percebi que mantendo o MP e levando-o para algumas exposições eu não só estaria fazendo algo bom para mim e minha esposa mas também estava de uma certa forma propiciando a outras pessoas verem o MP e recordarem bons momentos de sua vida. E aos jovens estaria dando a oportunidade de conhecer e aprender um pouco da história do automobilismo em nosso país.

O MP Lafer mudou minha vida nos últimos meses, pois ele acabou ficando conhecido entre meus amigos e familiares, que sempre querem saber algo sobre ele e seus passeios. O MP na verdade já tem um futuro novo dono: o Fernando, meu filho que também curte bastante essa nova paixão.

No dia 12 de agosto o "Pérola Negra" recebeu a chapa preta e agora ficou ainda mais bonito e elegante. O importante é que ele tem nos propiciado fazer bons passeios, novas amizades e tem dado um ânimo novo em nossa vida. Até mesmo fazendo com que eu refletisse sobre formas e atitudes do meu dia a dia.

MP do BergaroPedro Bergaro junto de sua preciosidade: mais de trinta anos de espera para encontrá-la.

Tenho muito mais coisas para falar, mas acho que o descrito acima resume bem essa paixão pelo MP Lafer.

Um grande abraço,

Pedro Luiz Bergaro
Gerente Geral de Operações
Savera Brasil

Restauração passo-a-passo 6

Nova pinturaQuando um carro é pintado na oficina, os demais são cobertos por lonas protetoras. A superfície que receberá a grade frontal não necessita de acabamento primoroso.

Gilberto Martines escreve em 08 de maio de 2008:

"No sábado retrasado, dia 26 de abril, foi o dia do passeio anual do MP Lafer, e não fui ao Toninho. Por conta deste evento, ele não conseguiu fazer muita coisa no carro, pois o pessoal procura ele para revisões gerais nos MPs.

Já no dia 03 de maio fui até a oficina para ver o andamento da restauração. Ele estava terminando de fazer o controle do lixamento após ter aplicado o gel na semana retrasada, que ficou secando durante alguns dias. Na semana passada o carro inteiro foi lixado, tendo sido pulverizado com uma fina camada de tinta, de qualquer cor. Isso é feito para observar alguma irregularidade no fundo e se aparecer algum defeito o mesmo é consertado. Nesse dia ele também fez a limpeza do chassis, assoalho e suspensão, para poder aplicar uma camada de tinta negra protetora.

A carroceria foi pintada na segunda-feira, dia 05 de maio. Voltei no dia seguinte para ver o resultado e posso dizer que ficou muito bonito. Nesta semana nada será feito no carro, pois ele ficará parado dentro da estufa, esperando secar completamente a pintura e o verniz. Na semana que vem o carro será lixado novamente, desta vez com uma lixa 1200, com o objetivo de tirar pequenos defeitos, como escorridos de verniz ou alguma sujeira. Depois o carro é polido e inicia-se a montagem.

Esta semana também levei os instrumentos para fazer uma revisão e para trocar as lâmpadas por leds verdes."

Carro na estufaApós a pintura da carroceria, o MP Lafer fica descansando na estufa. Somente com a tinta e o verniz completamente secos o próximo passo pode ser dado.

Mestre orientaO trabalho na oficina não pára. O processo de montagem do MP Lafer exigirá paciência e concentração.

Walter Arruda - o nosso Presidente

No dia 15 de agosto de 2008 o site mplafer.net completa 7 anos. Escolhemos esta data para publicar uma importante e esclarecedora entrevista com Walter Arruda, o Presidente do Clube MP Lafer Brasil. Ao lado de grandes amigos ele ajudou a criar uma entidade que, de certa forma, incorporou-se na trajetória de um modelo pioneiro na indústria nacional. Entre outros assuntos, Walter explana a respeito das primeiras reuniões, o sucesso dos passeios realizados, a obtenção do direito à Placa Preta. Mas sobretudo registra a marca de 500 membros filiados que constituem - além de uma associação de respeito - uma grande e sincera irmandade.

Em 1972, quando o primeiro protótipo do MP Lafer estava saindo da prancheta, onde você estava? E quando adquiriu seu primeiro modelo da marca?

- Em 1972, solteiro, seguia carreira no meu primeiro e único emprego, e cursava uma Faculdade de Administração na Mooca. Quanto podia, curtia o meu Fusca 1970 impecável, o qual entre outras coisas me levava à namorada em Osasco, com quem estou casado até hoje. No fim daquele ano visitei o Salão do Automóvel e pude ver o primeiro MP Lafer lá exposto. Como o próprio Percival Lafer confessou mais tarde, ele não estava pronto, pois tiveram apenas 30 dias para construí-lo e expor no Salão. Lembro que não podia entrar nele, talvez mesmo por não estar acabado. Não pensava em possuí-lo, mesmo porque era jovem demais para pensar em saudosismo.

O presidente e o criador do MPWalter Arruda recebe os cumprimentos de Percival Lafer no encontro de Serra Negra em 2006.

Estando à frente do Clube MP Lafer Brasil é possível estabelecer um perfil predominante do atual proprietário do veículo? Quantos membros estão cadastrados atualmente?

- O proprietário de MP Lafer é um antigo apaixonado pelo modelo, que na época de sua fabricação não tinha condições para adquirí-lo. Situa-se na faixa etária de 50 anos e tem o MP Lafer como paixão. Não pensa em vendê-lo. É assim a maioria dos 500 associados que temos no Clube, e que constatamos na época dos encontros e Passeios do Clube.

O Clube surgiu em 1997. Como foram as primeiras reuniões? Como surgiu a idéia de fundar uma agremiação e o que se esperava dela na época?

- Quando eu, o Marcos e o Samuel idealizamos reunir os proprietários de MP, não falávamos em Clube. Achávamos que um Clube era uma coisa muito grande e complexa de se formar. O grupo era chamado "Associação de Amigos MP Lafer", e surgiu no Encontro de Carros Antigos que era realizado no primeiro domingo de cada mês no Shopping D em São Paulo. Na época éramos um grupo pequeno de seis proprietários que também se reunia no Encontro das terças-feiras do Pacaembu. Foi marcada a primeira reunião para abril de 1997 e, para tanto, foi combinado entre este pequeno grupo, que faríamos o máximo de divulgação boca-a-boca para que comparecessem o maior número possível de MPs no evento do mês seguinte. E foi assim que na primeira reunião de MPs - que foi considerada um marco para o Clube - compareceram 14 veículos.

O primeiro Passeio do MP Lafer foi realizado em 1998 para Serra Negra. Como se deu os preparativos para este evento e qual era a expectativa para o grande dia?

- Após decorrido um ano de associação de amigos, resolvemos criar de fato o Clube propriamente dito, elaborando um Estatuto e registrando em Cartório. Optamos por criar algo muito simples, sem fins lucrativos, sem mensalidades ou regras que pudessem torná-lo instável. Deu certo pois, até hoje, sempre tivemos resultado positivo de nossas ações. Nesta ocasião, o Marcos lançou a idéia de realizarmos o Primeiro Passeio do MP Lafer. Pouco se sabia o que precisava ser feito. Tudo era novo para nós, não tínhamos experiência nenhuma, e não sabíamos se podia dar certo. Coisas como escolha de local de destino, horários, saída, percurso, entre outras, eram incógnitas. Após escolhido o local, Serra Negra, e tudo acertado com a Prefeitura , na data divulgada em carta, fomos para o local combinado para ver o que poderia acontecer nesta aventura. É indescritível a sensação que tivemos, enquanto aguardávamos o pessoal chegar. Que pessoal? Nem sabíamos que pudéssemos contar com um pessoal. Poderia ter sido um tremendo furo na água. Mas, o pessoal foi chegando, chegando, e finalmente pudemos contar o número fantástico de 42 MPs reunidos para realizar o tão desejado Passeio do MP Lafer.

Alguma coisa mudou na organização dos Passeios - que se tornaram anuais - desde então? Como é o trabalho de realizar um Passeio hoje em dia?

- Neste mesmo ano de 1998, no fim do ano, resolvemos realizar o Segundo Passeio, o qual de fato foi realizado, com destino à cidade de Bertioga, com um comparecimento maciço de 97 MPs - um grande sucesso. Porém, este Passeio, além de ter sido arriscado de se fazer nesta época do ano - pois choveu em nossa saída - deu tanto trabalho para obter licença para estacionar na orla da Praia pois, inclusive, necessitei negociar pessoalmente com o Prefeito de Bertioga. Também os acertos com o restaurante não foram fáceis, e os resultados mostraram que valia a pena realizar somente um a cada ano, em época de estiagem e que não tivesse tempo frio, para que fosse possível abaixar nossas capotas. O mês de abril foi eleito, então, o melhor mês para realização dos nossos passeios, e a partir do ano 2000 não mudamos mais.

Além do Passeio do MP, o Clube promove também um almoço no fim de cada ano. Na história dos dois eventos, há algum que tenha sido o mais marcante para você?

- O almoço que realizamos no fim do ano, mais voltado ao pessoal da capital e região, é mais descontraído que o nosso Passeio anual. É de fato uma confraternização mais informal. Normalmente comparecem cerca de 50 MPs. De todos os Passeios realizados, o que mais marcou de fato foi o primeiro, pelas emoções que tivemos, pelas surpresas e pelo resultado agradável que tivemos.

Uma das grandes conquistas para o proprietário de MP foi o direito de obter a Placa Preta para o carro. Como se deu este processo?

- A Placa Preta para o MP Lafer foi aprovada após um longo processo de avaliação iniciada por um grupo de representantes da Federação Brasileira de Veículo Antigos de diversos Estados do País, que finalmente consideraram o MP Lafer como um modelo novo, e não uma réplica. Por ter sido inspirado no MG, ele de fato guarda muitas características semelhantes daquele modelo, porém, por possuir diferenças fundamentais, como vidros nas portas, motor traseiro, rodas largas, bancos individuais, entre outras, não pode ser considerado como réplica. É importante salientar que pesou muito o fato da fábrica da Lafer ser considerada parte da Indústria Automobilística Brasileira, pois recebia a plataforma e toda a mecânica nova da Volkswagen para fabricar o MP Lafer, a exemplo do que era o Karmann-Guia - o que a possibilitava fornecer um veículo zero quilômetro ao comprador. Para firmar a decisão, a referida Comissão emitiu um documento chamado "Carta São Paulo", onde analisaram várias situações de vários outros modelos nacionais, classificando nosso carro como original.

Junto com a criação do Clube MP Lafer Brasil podemos relacionar o surgimento da Tony-Car Restaurações. Seu grande amigo Marcão foi decisivo nesta história...

- Quando adquiri meu MP em 01 de setembro de 1996, a primeira preocupação minha foi a de saber onde mantê-lo, conseguir peças, enfim: encontrar um profissional que pudesse cuidar dele. Qual não foi minha surpresa que, através de um amigo que trabalhava na mesma Empresa e que estava reformando seu MP, fiquei sabendo que existia o Toninho, e que morava em São Bernardo do Campo, cidade onde moro. Após o contato com ele, minha surpresa aumentou ao ficar sabendo que morávamos no mesmo bairro. No mesmo dia em que conheci pessoalmente o Toninho e estávamos avaliando meu carro para a primeira revisão, quis o destino que o Marcos viesse ao nosso encontro. Naquele instante começou uma amizade muito grande entre nós, que acabou por desencadear todo o processo que hoje existe. Quanto à abertura da oficina, tudo começou quando um dia conversando com o Marcão, chegamos à conclusão que tínhamos um profissional de mão cheia para cuidar dos nossos MPs, mas estava sem estrutura, e se o perdêssemos como profissional, caso ele mudasse para outra atividade ou qualquer outra profissão, ficaríamos sem a manutenção perfeita dos nossos carros. O Toninho já tinha a idéia de montar um negócio próprio, pois conhecia muitos proprietários de MP e mantinha muitos carros, nos fins de semana, na garagem de sua residência. A partir daí foi fácil convencê-lo a montar a oficina que é hoje a Tony-Car. Para incentivar a iniciativa, demos nossos dois carros para ele restaurar, em 1997.

Amigos de longa dataDa esquerda para a direita: Toninho, Romeu, Walter e Marcão durante o almoço de 2005 em Santana de Parnaíba.

A vida não é feita apenas de bons momentos. Você passou por uma grande provação com relação a sua saúde. Como está seu coração hoje?

- Nosso corpo é uma caixinha de surpresas. Quando você menos espera, fica sabendo que está com alguma moléstia. No meu caso, minha cadela Pit Bull, aquela raça tão mal afamada, involuntariamente ajudou-me a descobrir que eu tinha uma coronária obstruída. Foi correndo atrás dela que eu me senti mal e, após fazer os exames, caí numa mesa de cirurgia recebendo duas pontes mamárias. Neste episódio mais uma coincidência: o mesmo cirurgião que operara o Marcão 11 anos antes, fez minha cirurgia. Hoje estou bem, procurando comer coisas saudáveis e fazendo exercício físico. A cabeça muda também. Alguns valores são trocados por outros mais espirituais.

A irmandade que se formou em torno do MP é reconhecida como uma grande família. Mas sem uma família, propriamente dita, você conseguiria continuar se dedicando ao Clube?

- Hoje há uma comunidade Lafer. Foram tantos amigos que se formaram em torno do carro, que nos traz estímulos para continuarmos com nosso trabalho. Uma das razões é a estabilidade que há no comando.

Olhando para frente. Quais são as próximas metas do Clube do MP? A cobrança de mensalidades poderá ser instituída algum dia?

- Sempre achamos que dinheiro no meio de paixão causa confusão. Até agora nosso Clube só teve sucessos justamente por não cobrar mensalidade dos filiados, pois isto certamente levaria à rivalidades, cobranças e ingerências.

Há alguma questão que você gostaria de abordar, que não foi mencionada nesta entrevista? Dê o seu recado aos entusiastas do MP Lafer.

- Um ponto importante a ser ressaltado é o fato do nosso Clube ser muito considerado no meio do antigomobilismo. Certa vez, ao conversar com o saudoso Presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos, José Aurélio, este nos teceu elogios por ter conseguido levar um grande grupo de MPs no Encontro de Automóveis Antigos de Jundiaí, no qual ele havia estado. Também saudoso, o Vice-Presidente da FBVA para São Paulo, José Everardo Cosme, foi importante para conseguirmos a Placa Preta para o MP, pois várias vezes adiantou-me sobre a posição que aquela entidade pretendia adotar com relação ao nosso carro. De resto, gostaria que todo o Laferista gostasse tanto de seu MP como eu gosto do meu. Jean, mais uma vez agradeço este espaço que você nos deu dentro deste site que você mesmo diz: é nosso. Abraços.

Entrevista concedida à Jean Tosetto
Fotografias de Argemiro Cypriano

MP Lafer by Batelli

IN MEMORIAM

É com pesar que comunicamos o passamento de Eduardo Batelli, em 10 de fevereiro de 2021. Ele estava internado num hospital de São Paulo, inconsciente. Há anos ele sofria de problemas crônicos de saúde e, em meados de 2020, iniciou um tratamento contra o câncer. Seu estado de saúde se agravou em dezembro. Registramos nossos sentimentos aos seus amigos e familiares. O artigo a seguir ficará publicado neste site, em sua memória.

MP Lafer 1978Este MP Lafer 1978 é comportado por fora mas guarda um motor nervoso.

No último fim de semana de junho de 2008, o Engenheiro e Advogado Eduardo Batelli - que atualmente administra a M. Pioneira, oficina especializada em MP Lafer - esteve na região de Campinas para participar do encontro mensal realizado no Galleria Shopping, e alongou a viajem desde São Paulo para fazer uma visita de cortesia ao escritório do Arquiteto Jean Tosetto em Paulínia, onde o site mplafer.net é editado.

Na ocasião, pudemos experimentar seu MP Lafer 1978, que aparentemente se apresenta com o charme característico do modelo, mas revela um desempenho surpreendente logo que se engata a primeira marcha. É que o carro conta com um motor derivado da VW Kombi, com 1.700cc e preparação esportiva, que compreende a ignição eletrônica no lugar do platinado e a injeção eletrônica substituindo o par da carburação. A estrada que utilizamos não permitiu aferir a velocidade final do conjunto, mas com 100km/h no marcador, ficou a impressão de que havia uma grande margem para desenvolvimento, embora faltasse à caixa de câmbio uma quinta marcha para deslanchar o pedal do acelerador.

Motor VW 1.7 EFIUm autêntico MP Lafer EFI com motor 1.7 refrigerado a ar e bloco cromado.

Ao contornar rotatórias e realizar curvas fechadas, nos chamou a atenção o volante de empunhadura em couro macio, com diâmetro maior do que o convencional: 350 mm. Segundo a proposta do Batelli, esta solução facilita a visualização do painel e diminui o esforço dos braços nas manobras mais bruscas. Um porém, no campo da ergonomia, fica por conta dos motoristas de grande estatura, pois os raios maiores aproximam a direção das pernas dos mesmos. Internamente ressaltamos ainda que a alavanca do câmbio também é alongada, o que facilita a troca de marchas em tocadas mais suaves.

Volante maiorO volante possui boa empunhadura e combina com o acabamento interno.

No modelo que o Batelli trouxe à Paulínia a capota era convencional, no entanto, outra proposta que ele apresenta se trata da capota marítima - uma versão inspirada nos modelos esportivos ingleses dos anos 50 - o que acentua o conceito de nostalgia do MP Lafer. Diferentemente da capota comum, a capota marítima é abotoada junto ao painel do veículo, o que exige a perfuração de pontos espaçados na fibra de vidro para que ela possa ser instalada, como podemos verificar na imagem a seguir.

Capota marítimaMP Lafer fotografado no Rio de Janeiro com a capota marítima.

Na condição de Engenheiro envolvido com a indústria automobilística desde os anos 60 - com passagens pela Simca do Brasil e General Motors, entre outras - Eduardo Batelli ao assumir a M. Pioneira optou por não restringir seu trabalho à restauração e manutenção de MPs, mas também a desenvolver especificações para personalizar o modelo. Portanto, vale lembrar que tais propostas alteram a originalidade do veículo, o que impede a obtenção do certificado para a placa preta. Mais informações sobre o trabalho do Batelli estão disponíveis neste e-mail (suprimido).

Restauração passo-a-passo 5

Gel sobre carroceriaA tampa do motor descansa no corpo principal da carroceria de fibra de vidro, após receber uma camada de gel como fundo da pintura a seguir.

Gilberto Martines escreve em 20 de abril de 2008:

"Ontem fui novamente à Tony-Car para ver como estava a restauração do carro. Desta vez meu irmão foi comigo, pois ainda não tinha visto o carro depois que entrou em reforma. Ele não conhecia a oficina e ficou encantado ao ver o carro desmontado, assim como o trabalho que está sendo feito.

Nesta semana, de 12 a 19 de abril, o capo e a tampa traseira foram laminadas. As portas também receberam um cuidado especial. O resto do carro ja foi decapado e recebeu o gel de fundo. Nas fotos podemos observar o funcionário do Toninho, trabalhando no capo e portas. Ele está lixando para tirar as últimas imperfeições. Após este gel, o carro vai ser lixado inteiro,para depois ser pintado.

Não sei se esta semana vai dar para ver o carro, pois sábado teremos passeio do MP Lafer até a Riviera de São Lourenço. Tentarei voltar na quinta-feira novamente - isso se tudo correr bem."

Trabalho artesanalMembro da equipe do Toninho labora sobre o capo do MP, apoiado num tambor de metal. A simplicidade do local não limita a qualidade do ofício.

Capo em tratamentoO capo antes de mais uma etapa sob as lixas do artesão, como podemos chamar quem trabalha com restauração de carros antigos.

Portas deitadasAs portas deitadas sobre o assoalho do MP: todos os componentes da carroceria são revisados.

Santos 2008 - por Luiz Arthur Silveira

Vista geralEspaço moderno para abrigar as antigüidades. O sol - ou a chuva - ficam do lado de fora.

Entre os dia 01 e 03 de agosto de 2008 foi realizado o XIII Encontro de Automóveis Antigos de Santos, no pavilhão de exposições do Mendes Convention Center. O evento foi organizado pelo Clube de Automóveis Antigos de Santos, reunindo cerca de 300 veículos. O arquiteto Luiz Arthur Silveira esteve por lá e enviou algumas imagens para o site mplafer.net - das quais destacamos os modelos fabricados no Brasil, nos anos 60 e 70.

Interlagos conversívelUm Interlagos conversível de 1965 - versão ainda mais rara do que a convencional.

Rural WillysUm dos utilitários mais populares no Brasil pré milagre econômico: a Rural Willys.

DKW VemaguetDescontinuada pela Volkswagen em 1967, a Vemaguet deixou saudades. Esta é de 1964.

MPs sobre tapetesObviamente os MPs não poderiam faltar. Tapetes foram deixados por cortesia sob os carros, para evitar manchas de óleo no piso local.

Índice de álbuns

Restauração passo-a-passo 4

Gilberto em sua oficinaMão na massa. Gilberto Martines mantém em sua casa um cômodo onde eventualmente coloca em prática a sua paixão pelo MP Lafer, seja construindo dioramas, seja polindo as peças desmontadas do carro.

Gilberto Martines escreve em 18 de abril de 2008:

"Hoje tive um pouco mais de tempo e fui para a minha pequena oficina, onde deixo minhas bagunças, e fiz a seleção das peças que serão cromadas. Poli e pintei os frisos da grade, e também poli algumas peças que não serão cromadas, pois estão boas. Na semana que vem, após o feriado de 21 de abril, devo levar as peças para cromar e os relógios para fazer uma revisão."

Peças de MP LaferAbaixo da grade estilizada do MP, é possível notar o rádio toca-fitas ainda no suporte que é alojado dentro do porta-luvas. Sobre a caixa de plástico, a roda da tampa traseira junto à grade de ventilação do motor.

Itens para cromarDobradiças, trilhos guias das janelas laterais, maçanetas, entre outras peças selecionadas para cromação. A figura do cão de caça sobre o bocal estilizado da grade dianteira não é original de fábrica, mas trata-se de um item muito difundido nos MPs.