Almoço do Clube do MP em Itapecerica da Serra - 2025

MPs para preencher a fotografia digital.
MPs para preencher a fotografia digital.

Trânsito pesado? A gente contorna. Idade chegando? A gente ignora. O que vale é rever os amigos e recarregar as baterias para seguir adiante - sempre!

Por Jean Tosetto

Há um estudo europeu que relaciona a valorização de automóveis usados ao período de 25 anos após sua fabricação. Nessa cultura, em que o carro antigo é visto não apenas como paixão, mas também como investimento, observa-se que os modelos com potencial para se tornarem clássicos começam a se valorizar justamente após esse intervalo de tempo. Esse fenômeno faz sentido no caso do MP Lafer, apresentado no Salão do Automóvel de 1972. Exatamente 25 anos depois, em 1997, foi fundado o Clube MP Lafer Brasil.

O modelo foi fabricado até 1988, com algumas unidades licenciadas até 1990. E o que ocorreu 25 anos após essa data? Em dezembro de 2012 foi lançado o livro MP Lafer: A recriação de um ícone, cuja comercialização inicial se concentrou em 2013. Assim, entre 1997 e 2015 — período que cobre os 25 anos após o lançamento e também após o encerramento da produção — verificou-se o auge do “revival” em torno do MP Lafer, quando o modelo passou por forte valorização.

Esse movimento ocorreu porque o carro era admirado pelos jovens das décadas de 1970 e 1980, que na época não tinham condições financeiras ou estavam em fases da vida que priorizavam a família. Quando essas mesmas pessoas atingiram a meia-idade, já com situação financeira mais sólida e com os filhos encaminhados, puderam realizar o antigo desejo de possuir um MP Lafer. Esse fenômeno se repete com diversos outros modelos.

Após o período de revival, os automóveis com potencial para se tornarem clássicos continuam a se valorizar, mas sua liquidez diminui. Isso acontece porque os jovens das gerações seguintes não desenvolveram vínculo emocional com modelos que não marcaram a sua juventude. Ainda assim, tais veículos seguem valorizados por sua raridade e acabam sendo incorporados a coleções.

Portanto, para quem observa carros antigos sob a ótica do investimento, não adianta buscar apenas modelos que já passaram por grande valorização. O ideal é identificar veículos que despertaram interesse dos jovens de sua época e que estejam prestes a entrar no ciclo de revival, ou seja, aqueles com cerca de 18 a 20 anos de fabricação. Antecipar-se permite comprar automóveis próximos ao seu valor mínimo — já com a desvalorização praticamente esgotada — e captar a fase de revalorização que pode levá-los, anos depois, a valer mais do que custavam quando zero-quilômetro.

MP Lafer: o conversível brasileiro com potencial para ser um clássico.
MP Lafer: o conversível brasileiro com potencial para ser um clássico.

Essa longa introdução ajuda a compreender por que o Clube do MP Lafer Brasil alcançou seu auge de participação de carros em eventos entre 2002 e 2015 e, posteriormente, passou a registrar queda ano após ano. Uma das explicações está na dinâmica natural de valorização e interesse pelo modelo, conforme discutido anteriormente. A outra explicação decorre da dispersão geográfica dos veículos: muitos MPs que estavam concentrados na Grande São Paulo foram adquiridos por pessoas de outras regiões do país. O modelo passou a aparecer no Nordeste, no Sul e até no exterior, com unidades enviadas para países como Alemanha e Itália. Essa dispersão contribui para a redução do número de participantes nos encontros mais recentes.

No entanto, esse não é o único fator. Os proprietários que permaneceram na região metropolitana de São Paulo também envelheceram. Aqueles que estavam na meia-idade há vinte anos hoje se encontram na terceira idade e, naturalmente, ponderam mais antes de tirar o carro da garagem para enfrentar o trânsito complexo da capital e de seus arredores.

Posso testemunhar esse fenômeno mesmo não residindo na capital. Moro em Paulínia, no interior paulista, a 119 quilômetros de São Paulo. Quando o Clube do MP Lafer anunciou o almoço de fim de ano para 29 de novembro de 2025, no restaurante Dr. Costela, em Itapecerica da Serra — às margens da rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba — minha esposa e eu decidimos participar utilizando nosso carro convencional. Avaliei que percorrer essa distância com o MP Lafer, em meio a inúmeros caminhões e automóveis, seria uma experiência atribulada. Como a carta-convite permitia o uso de veículos convencionais, priorizando o encontro entre amigos em torno do modelo, optamos por seguir assim.

Também decidimos não passar pelo ponto de partida oficial, no km 12 da rodovia Raposo Tavares, pois isso exigiria acessar a Marginal Tietê e depois a Marginal Pinheiros, o que poderia atrasar nossa viagem ou nos obrigar a sair de casa muito mais cedo. Escolhemos ir diretamente ao restaurante, utilizando o Rodoanel como rota alternativa. Contudo, essa escolha não funcionou como esperado. Ao sair da rodovia Bandeirantes e entrar no Rodoanel, encontramos um congestionamento intenso, que se estendeu até a rodovia Castelo Branco. Apesar de obras em uma das faixas, o volume de veículos era expressivo. Após esse trecho, o fluxo melhorou um pouco, mas, ao chegar ao entroncamento com a Régis Bittencourt, deparamo-nos com um novo congestionamento, acompanhado de calor acima de 30 ºC.

Comentei com minha esposa que aqueles que decidiram participar com seus MPs estavam enfrentando uma situação ainda mais desconfortável. Por isso, é justo agradecer e parabenizar os 18 proprietários que levaram seus carros ao evento, apesar das dificuldades descritas.

Como chegamos mais cedo ao restaurante, tive a oportunidade de filmar a chegada dos primeiros MPs ao estacionamento. A entrada dos carros formava um verdadeiro balé de cores e movimentos aparentemente aleatórios, mas que, no conjunto, criavam uma cena belíssima. Foi então que se abriu aquela agradável janela de descanso mental: o momento de reencontrar amigos que compartilham dos mesmos interesses, fazer as conversas fluírem naturalmente, matar a saudade, colocar assuntos em dia e apreciar a culinária típica do Sul do Brasil. Afinal, a rodovia Régis Bittencourt funciona como uma espécie de portal paulista para a região Sul, onde as churrascarias de tradição gaúcha predominam às margens da estrada.

Os MPs escapam da rodovia e chegar num recinto tranquilo.
Os MPs escapam da rodovia e chegar num recinto tranquilo.

Um breve congestionamento de MPs procurando vagas para estacionar.
Um breve congestionamento de MPs procurando vagas para estacionar.

Esses momentos fugazes passam rápido demais. No nosso caso, passamos mais do dobro do tempo na estrada — entre ida e volta — do que no local do evento, tentando conversar com todos. E, ainda assim, não conseguimos falar com todo mundo. Eram muitas pessoas, todas em um astral tão positivo que acabou compensando o desconforto e o esforço da viagem.

Como sempre faço nos almoços de fim de ano do Clube do MP Lafer, aproveitei alguns instantes para me afastar das mesas e registrar fotografias dos carros estacionados, tentando encontrar algum ângulo novo — tarefa cada vez mais difícil depois de tantos anos. Também avistei uma bela réplica de uma Alfa Romeo da década de 1930. Estacionada ao lado de um MP Lafer, ela permitia estabelecer comparações visuais entre dois modelos que encantaram a juventude nos anos 1970.

 

Eu esperava que Gilberto Martines estivesse presente desde o início do evento para registrar a largada do passeio na rodovia Raposo Tavares. No entanto, ele demorou a chegar, e por um momento imaginei que não participaria do almoço. O atraso ocorreu porque ele perdeu o acesso ao Rodoanel — distração que o fez chegar mais tarde do que o previsto. Ainda assim, sua presença permitiu completar a cobertura fotográfica do encontro. É sempre necessário registrar nosso agradecimento ao Gilberto: sem ele, o site do MP Lafer seria incompleto.

Também devemos agradecer, como sempre, ao Walter Arruda, presidente do Clube MP Lafer Brasil, e à sua esposa, Regina. Ambos são incansáveis na organização desses eventos que rompem a rotina e trazem leveza aos participantes. O tradicional almoço de fim de ano e o Encontro Nacional, realizado por volta de abril ou maio, funcionam como válvulas de escape que nos ajudam a enfrentar o peso do cotidiano. A mesma gratidão se estende a Romeu Nardini, diretor do Clube MP Lafer Brasil, que mesmo residindo na divisa com o Mato Grosso do Sul faz questão de prestigiar essa grande família chamada MP Lafer.

O interior do restaurante Dr. Costela é rústico e aconchegante.
O interior do restaurante Dr. Costela é rústico e aconchegante.

Mas, como tudo que é bom dura pouco, chegou o momento de voltar para casa — e, com isso, de enfrentar novamente o congestionamento no entroncamento da Régis Bittencourt com o Rodoanel. O trânsito continuava lento; piorou após a Castelo Branco, até que pudemos acessar a rodovia dos Bandeirantes. E vale um registro importante: passamos por regiões cercadas de morros ocupados de forma aparentemente irregular. Sobre um dos túneis, inclusive, havia barracos de favela. É lamentável constatar que isso ainda ocorre em um país que se apresenta como uma das principais economias do mundo. Causa espanto também lembrar que São Paulo foi classificada entre as 20 melhores cidades do mundo para viver, trabalhar e visitar — difícil acreditar que tal avaliação tenha considerado um passeio de carro pelo Rodoanel. A sensação é de que estamos próximos de um colapso urbano: o Rodoanel, mesmo incompleto — falta o trecho Norte —, já não comporta o crescimento constante do trânsito na megalópole.

Ao nos afastarmos rumo ao interior, decidimos parar no Serra Azul, em Itupeva, para ir ao banheiro, aproveitando para entrar no Outlet local. A experiência durou apenas quinze minutos. O espaço estava completamente tomado por pessoas: filas para os banheiros, para comprar sorvete, café e até para pagar nas lojas. Diante disso, desistimos e seguimos viagem. Esse registro é pertinente porque aquele sábado era o primeiro após a Black Friday — tradição importada dos norte-americanos — e o adensamento excessivo de pessoas evidencia como a qualidade de vida vem sendo corroída. É impossível negar essa realidade.

E não adianta simplesmente substituir o carro a combustão por um carro elétrico. Os veículos elétricos, inclusive, tendem a ser mais largos do que os movidos a gasolina ou álcool, o que agrava ainda mais os problemas de circulação nas grandes cidades. Dessa forma, a solução para a mobilidade urbana precisa ser encarada de maneira coletiva, com investimentos maciços em transporte público de qualidade, especialmente em trens e, quando possível, no uso de hidrovias urbanas.

Aproveitando o tema dos automóveis elétricos, vale mencionar o recente comercial da fabricante chinesa BYD, que utilizou o personagem Primo Rico como garoto-propaganda. No anúncio, ele compara os custos do carro elétrico com os custos de um veículo a combustão, sugerindo que quem opta pelo elétrico está sendo mais econômico. Para reforçar a mensagem, o comercial opõe o “Primo Rico” ao “Primata”, figura que representaria quem insiste em manter um carro tradicional. Nesse contexto, chego a brincar que seria um “Primata Hard”, já que mantenho um MP Lafer na garagem — movido a combustão, equipado com dois carburadores, embreagem acionada por cabo e câmbio manual.

Ainda assim, fica a reflexão: será que os carros da BYD terão apelo suficiente para formar clubes de proprietários no futuro? Será que, daqui a 25 anos, os veículos elétricos — em especial — estarão valorizados, com potencial para se tornarem clássicos, assim como ocorre hoje com o MP Lafer? Quem viver, verá.

Uma última avistada nos MPs antes de ir embora com o coração acalentado.
Uma última avistada nos MPs antes de ir embora com o coração acalentado.

Contudo, no site do MP Lafer, não podemos encerrar um relato de qualquer jeito. É preciso transmitir uma mensagem edificante. O fim do ano se aproxima; é o momento em que lembramos dos familiares, dos amigos — inclusive daqueles que já partiram — e também de que o tempo passa para todos nós. Precisamos encontrar entusiasmo em cada etapa da vida, e cultivar uma paixão em comum, como a paixão pelo MP Lafer, ajuda nesse propósito. Essa afinidade aproxima pessoas de astral positivo e renova nossas energias para iniciar um novo ano.

Que o próximo ano seja magnífico para todos nós.

Um grande abraço e até a próxima!

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A carta convite do Clube

Mais reuniões de fim de ano

MP Lafer: The recreation of an icon (Amazon)

Convite do Clube MP Lafer Brasil

MP Lafer e a arte de curtir a vida.
MP Lafer e a arte de curtir a vida.


O almoço de fim de ano do Clube MP Lafer Brasil será no Restaurante Dr. Costela, dia 29 de novembro de 2025 com saída no Posto Shell, km 12 da Raposo.

Quando as promoções de Black Friday começam a surgir, é sinal de que o fim do ano se aproxima — e, com ele, uma tradição muito especial para os apaixonados pelo MP Lafer: o almoço de confraternização do Clube MP Lafer Brasil, que em 2025 completa 28 anos de fundação.

O encontro natalino deste ano será realizado no sábado, dia 29 de novembro, com saída às 10h45 da manhã no Posto Shell, localizado no quilômetro 12 da Rodovia Raposo Tavares.

O destino será o acolhedor Restaurante Dr, Costela, situado na Rodovia Régis Bittencourt, quilômetro 293,5 — a rodovia que conecta São Paulo à capital paranaense, Curitiba. O valor por pessoa é de R$ 99,90, não incluindo bebidas e sobremesas.

O presidente do clube, Walter Barboza de Arruda, reforça: “Se você não puder ir com seu MP Lafer, vá assim mesmo, com outro carro. O importante é estarmos juntos, celebrando mais um ano de amizade e paixão por este automóvel que tanto nos une.”

Prepare o seu MP, convide os amigos e venha participar desse momento de alegria e camaradagem que encerra o calendário anual do clube. Confira a seguir a carta convite:

Almoço 2025: carta convite do Clube MP Lafer Brasil.
Clique acima para ampliar.

Já é cadastrado no Clube MP Lafer Brasil? Fale com a diretoria:

Walter Barboza Arruda – Presidente – (11) 9.7122.6260 - walter.mplafer@uol.com.br

Romeu Nardini – Diretor - (11) 9.9154.4536 - meco98@uol.com.br




Santana de Parnaíba 2024

Um almoço com Miro Dudek

O MP Lafer 1974, Jean Tosetto e Miro Dudek diante da casa onde nasceu o site mplafer.net em agosto de 2001.
O MP Lafer 1974, Jean Tosetto e Miro Dudek diante da casa onde nasceu o site mplafer.net em agosto de 2001.

O MP Lafer não leva apenas duas pessoas em seus assentos, mas incontáveis entusiastas que vencem o tempo e a distância para celebrar o melhor da vida.

Caro amigo do MP Lafer, pode ser a primeira vez que você acessa este site, então deixe eu me apresentar: meu nome é Jean Tosetto, tenho 49 anos e, aos 21, ganhei um MP Lafer vermelho 1974 dos meus pais. Não por acaso, é esse mesmo MP Lafer na fotografia acima, tirada no jardim da casa deles, onde morei até 2009 e onde comecei a editar este mesmo site em 15 de agosto de 2001. Só por aí você pode ter uma ideia do quanto sou apreciador da marca. Mas não parou por aí. Em 2012 lancei o livro "MP Lafer: a recriação de um ícone", que escrevi com a ajuda de Percival Lafer, o criador do carro.

Chega, já falei demais sobre mim mesmo. Agora preciso contar sobre o Miro Dudek. Ele nasceu na Polônia, mas aos 9 anos de idade se mudou com os pais para a Alemanha. Lá ele cursou o que nós chamamos de SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Ainda bem jovem, ele ingressou nas fileiras da Volkswagen, a maior fabricante de carros da Alemanha e uma das maiores do mundo.

Tenho razões para acreditar que ele foi um bom profissional, pois a Volkswagen o selecionou para uma bolsa de estudos. Assim, no começo dos anos 2000, ele ingressou numa faculdade de engenharia. Vamos pular para 2008, se me lembro bem. Foi quando ele conheceu a Iracema numa festa. Ela é brasileira, mas estava na Alemanha estudando Medicina. Desde então, o contato pela Internet evoluiu até o casamento.

Desejando aprender português e viver uma experiência diferente, o Miro pediu para os seus superiores a oportunidade de passar um tempo trabalhando no Brasil. Logo, ele deve ser bom no que faz, pois conseguiu o que queria. Veio para São Paulo em 2013.

Nesse período, um antigo professor da faculdade da Iracema, que mora no Maranhão (ela pode me corrigir se eu estiver errado) pediu para o Miro fazer algumas visitas na Tony-Car Restaurações de MP Lafer, de São Bernardo do Campo, para acompanhar um serviço em seu carro. Aí o Miro conheceu o Toninho e se apaixonou, não pelo Toninho, mas pelo MP Lafer. Ele comprou um exemplar de 1977.

Também nessa época o Miro e a Iracema fizeram amizade com os vizinhos Aurora e Manuel, que são mexicanos e também estavam vivendo temporariamente no Brasil. Eles criaram um laço de irmandade muito forte.

No final de 2015, a Iracema e o Miro voltaram para Kassel, na Alemanha. Foi quando a gente se conheceu, ao menos virtualmente. O Miro colocou seu MP Lafer num container e o despachou para a Europa. Publiquei as fotos desse evento no começo de 2016.

Aí, adivinha o que aconteceu? O Miro entrou em contato com o Ludwig Stolz, que em 2011 havia fundado o MP Lafer Germany, um tipo de associação para congregar os proprietários de MP Lafer na Alemanha, que aos poucos foi ganhando adeptos de outros países como Bélgica, Holanda, França, Itália e Bulgária.

Desde então, nossa correspondência nunca se interrompeu. O Miro tornou-se uma espécie de ponte cultural entre os laferistas do Brasil e da Europa. Sem a ajuda dele, vários registros dos encontros anuais do MP Lafer na Alemanha não teria sido feitos.

Agora, em 27 setembro de 2025, finalmente nos encontramos pessoalmente. A família Dudek, que AGORA inclui a pequena Maria Luisa, veio passar uns dias no Brasil para descansar e resolver alguns assuntos. Quem também resolveu voltar ao Brasil passar férias? A Aurora e o Manuel.

A gente se reuniu em casa para um almoço. A Renata, minha esposa, cuidou de tudo. A Carol, nossa filha, tocou um pouco de piano. Também convidei meus pais (minha mãe trouxe o seu famoso bolo de carne) e a família da minha afilhada para a breve reunião que acabou se estendendo pela tarde inteira, pois no fim do dia fomos até a chácara dos meus pais tomar um café e, claro, dar uma volta de MP Lafer.

Mexicanos, alemães e brasileiros reunidos por causa do MP Lafer.
Mexicanos, alemães, poloneses, italianos e brasileiros reunidos por causa do MP Lafer.

Deixei o Miro guiar o meu MP por alguns quilômetros, pelas estradas vicinais da região de Paulínia, onde ainda vou buscar um pouco de inspiração para as coisas que escrevo. O dia estava quase perfeito: temperatura amena, sem ventos fortes ou chuva. Pena que o motor Volkswagen do MP Lafer, sempre confiável, apresentou falhas de ignição em um dos pistões, quando se engatava a segunda marcha. 

No dia seguinte, fucei nos cabos de vela e na tampa do platinado. Assim, meio sem querer, arrumei o tempo do motor na segunda marcha, mas aí o carro começou a pipocar em terceira. O motor só enchia plenamente na quarta-marcha. Vai entender o que o carro queria dizer para nós?

Talvez que a vida passa rápido e que as chances de celebrá-la não devem ser desperdiçadas, especialmente quando amigos que se tratam como irmãos que moram tão longe uns do outros.

Quando tivemos que nos despedir, embarguei o nó na garganta, para não perder a compostura. Afinal de contas, sou da safra de 1976 e o Miro é da safra de 1977. Não cai bem para homens da nossa geração demonstrar sintomas de saudade sobre um momento tão fugaz.

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O livro mais esperado dos últimos 40 anos *

MP Lafer em Kassel? Só pode ser conto de fadas

MP Lafer alcança a Bélgica e os Países Baixos

Onze MPs reunidos diante da fachada do Hotel Malpertuus em Riemst, na Bélgica.
Onze MPs reunidos diante da fachada do Hotel Malpertuus em Riemst, na Bélgica.

Em 2011 alguns laferistas começaram a resgatar a história do MP Lafer na Europa. Esse trabalho chegou na Bélgica e nos Países Baixos em junho de 2025.

Diógenes, o filósofo cínico, caminhava por Atenas, no tempo da Grécia Antiga, pedindo esmolas para as estátuas. Quando lhe perguntavam o motivo para fazer isso, ele respondia que estava treinando para lidar com a indiferença das pessoas reais, se por acaso pedisse algo para elas. Diógenes, mesmo vivendo num barril em praça pública, jamais reclamava da vida. É óbvio que todos nós temos razões para reclamar de várias coisas, mas se você tem um MP Lafer, então tem menos direito para lamentar do que os outros. E se você tem um MP Lafer na Alemanha, na Bélgica, nos Países Baixos, na França ou na Itália, você tem menos direito ainda.

Na Europa, depois da Páscoa, o sol começa a ficar convidativo para um passeio de MP Lafer. Assim, seus proprietários podem se aquecer para participar de mais um encontro anual do MP Lafer Germany, que vem colecionando uma série de eventos de grande apelo turístico e cultural que, aos poucos, mostra as belezas da Alemanha e arredores para um público que só conhece o que chega pela TV ou grandes portais da Internet.

Aquela imagem clássica, dos MPs perfilados, que não pode faltar em nenhum relato sobre os eventos da marca Lafer.
Aquela imagem clássica, dos MPs perfilados, que não pode faltar em nenhum relato sobre os eventos da marca Lafer.

Pela primeira vez, desde sua origem em 2011, um encontro do MP Lafer Germany foi sediado fora da Alemanha. A cidade escolhida para 2025 foi Riemst, na Bélgica, um município situado na província de Limburgo, na região da Flandres, próximo à cidade histórica de Tongeren. Com cerca de 16 mil habitantes distribuídos em submunicípios como Kanne, Vlijtingen, Zichen-Zussen-Bolder e Genoelselderen, Riemst é uma daquelas cidades que mantém uma atmosfera tranquila e acolhedora, ideal para quem busca experiências autênticas fora dos grandes centros urbanos.

Entre os principais atrativos de Riemst está o Wijnkasteel Genoels-Elderen, um castelo vinícola rodeado por vinhedos. Outro destaque é o museu De Brug Vroenhoven, que une arquitetura contemporânea com exposições sobre a Segunda Guerra Mundial. A cidade também abriga vinícolas como o Wijndomein Vlijtingen e lojas especializadas como a De Jambrouwerij, voltada para cervejas artesanais e produtos locais. Para quem busca relaxamento, spas como o Visa-Versa e o Total Balance oferecem momentos de tranquilidade em meio à natureza.

Essa imagem dos MPs no gramado diante de um bosque lembra a capa do disco "All things must pass" do George Harrison, de 1970. Só faltou ele e os duendes entre os carros.
Essa imagem dos MPs no gramado diante de um bosque lembra a capa do disco "All things must pass" do George Harrison, de 1970. Só faltou ele e os duendes entre os carros.

Como já é uma tradição no MP Lafer Germany, a cada ano um casal diferente é nomeado para organizar o encontro anual da entidade. Em 2025 os organizadores do 14º Encontro do MP Lafer na Europa foram a Arlette e o Jean Marie, que escolheram o Hotel Malpertuus para abrigar os participantes durante o fim de semana entre os dias 13 e 15 de junho. Eles também reservaram três veículos de apoio para acompanhar os MPs durante os passeios programados, num trabalho acompanhado de perto pelos incansáveis Ludwig & Heike Stolz.

Os alemães são conhecidos pela sua organização e adoção de padrões de qualidade, mesmo nos momentos de descontração.
Os alemães são conhecidos pela sua organização e adoção de padrões de qualidade, mesmo nos momentos de descontração.

A seguir, reproduzimos a mensagem de Jean Marie para os amigos laferistas da Europa:

"Queridos amigos do MP,

Sejam muito bem-vindos!

Gostaríamos de lhes proporcionar dias agradáveis. Tentaremos organizar um encontro de três dias agradáveis tanto na parte belga quanto na parte holandesa de Limburgo.

Arlette e eu somos de uma cidade vizinha, Zutendaal. Não foi fácil encontrar um hotel com bons quartos e uma licença para nossos amigos de quatro rodas, por isso ficamos ainda mais felizes por termos conseguido. Nosso programa foi planejado para agradar a todos.

Durante esses dias faremos dois passeios com pontos turísticos, cafés e, claro, com a bela natureza da Bélgica e da Holanda.

Algumas dicas importantes:

Sempre dirigimos por estradas pavimentadas, mas o tempo esteve instável nos últimos dias e a chuva pode ter deixado poeira nos carros. Portanto, mantenham distância entre os veículos. Cuidem de seus companheiros de estrada, ciclistas e pedestres, respeitem a preferência pela direita e os limites de velocidade.

Recomendamos abastecer na Bélgica, pois a gasolina na Holanda é bem mais cara (até 1 euro/litro de diferença).

Aproveitem a região, os edifícios monumentais e muito mais... Isto é Limburg!

Nota: Informamos que haverá controle de velocidade.

Caso tenham uma pane na estrada...

Sem problemas!

Teremos um técnico da VW conosco, trazendo as peças sobressalentes mais necessárias. Se necessário, um reboque está reservado.

Em caso de emergência, entre em contato com: Geert Depoortere.

Desejamos a todos dias maravilhosos e damos início oficialmente ao 14º Encontro MP Lafer!

Com carinho, Jean Marie & Arlette"

Desse modo, o dia 13 de junho, sexta-feira, foi marcado pela chegada dos laferistas. Quem veio mais cedo pôde passear pelos campos de flores de Bordeloon. Já a recepção no hotel, no começo da noite, foi regada com cerveja belga, que antecedeu um jantar em grupo.

Cada um com seu sobrenome, mas por um fim de semana no ano, todos são da família Lafer.
Cada um com seu sobrenome, mas por um fim de semana no ano, todos são da família Lafer.

No dia seguinte, o café da manhã antecedeu um briefing com os motoristas, que depois saíram em direção às cavernas em Mergelhaus e Neercanne (Holanda), onde os participantes tiveram que levar os casacos, pois a temperatura no interior delas era mais baixa que o normal.

Um MP Lafer transita por uma estrada lindeira a uma formação de calcário, na região de Limburgo, entre e a Bélgica e os Países Baixos.
Um MP Lafer transita por uma estrada lindeira a uma formação de calcário, na região de Limburgo, entre e a Bélgica e os Países Baixos.

As cavernas de Mergelhuis e Neercanne são formações subterrâneas que fazem parte do sistema de túneis escavados em rochas de marga — um tipo de rocha sedimentar rica em calcário. Essas cavernas  foram utilizadas historicamente para diversos fins, como armazenamento, abrigo e até como esconderijos durante conflitos.

A Mergelhuis, que significa literalmente "Casa da Marga", é uma entrada para esse mundo subterrâneo. Ela abriga exposições sobre a geologia local, a história da mineração de marga e o uso das cavernas ao longo dos séculos. Já as cavernas próximas ao Castelo de Neercanne, que fica na fronteira entre Bélgica e Holanda, são notáveis por sua conexão com o castelo barroco. Os túneis de marga foram usados como adegas e passagens secretas, e hoje fazem parte da experiência turística do local. O restaurante do castelo, por exemplo, utiliza essas cavernas como adega de vinhos.

O almoço foi realizado no “Treech ‘42”, em Maastricht, uma das cidades mais antigas dos Países Baixos, localizada na extremidade sul do país, na província de Limburgo, da qual é capital. Com cerca de 121 mil habitantes, a cidade se espalha pelas duas margens do rio Mosa (Maas), em uma região estratégica entre Bélgica e Alemanha. Seu nome deriva do latim Mosae Traiectum, que significa “travessia do Mosa”, em referência à ponte construída pelos romanos durante o reinado de César Augusto.

Fundada por volta de 50 a.C., Maastricht tem raízes na história romana e medieval. A cidade preserva vestígios da ponte original romana, muralhas antigas e construções góticas e românicas, como a Basílica de São Servácio e a Igreja de São João (Sint Janskerk). O centro histórico é repleto de ruas de paralelepípedos, praças como a Vrijthof e a Markt, e edifícios que misturam tradição e modernidade.

No começo da tarde, os laferistas passearam pela rota Mergelland, parando para tomar um café no terraço do "Rood Bos", em Teuven, uma pequena aldeia localizada na comuna de Voeren, na província de Limburgo, Bélgica. Com menos de 500 habitantes, Teuven fica na região histórica do Land van Herve, a vila faz parte de uma exclave flamenga cercada por território de língua francesa, o que lhe confere uma identidade cultural única.

Os MPs, seus motoristas e passageiros são recebidos na prefeitura de Zutendaal, na Bélgica.
Os MPs, seus motoristas e passageiros são recebidos na prefeitura de Zutendaal, na Bélgica.

Apresentação do grupo folclórico “Klompkes”.
Apresentação do grupo folclórico “Klompkes”.

Por fim, no domingo de manhã a programação foi centrada em Zutendaal, uma das áreas mais densamente florestadas da Flandres, tornando-se um destino ideal para amantes da natureza e atividades ao ar livre, como a Blotevoetenpad, uma trilha para caminhada descalça. Naquela cidade, os amigos europeus do MP Lafer foram recepcionados na prefeitura local, com direito a um discurso da  vereadora Rita Indestege, seguido de café com bolo de Limburg, oferecido pelo grupo folclórico “Klompkes”, antes do almoço no restaurante “Sietereij”, que contou com a participação da Julia Lafer Rabinovitch, neta de Branca & Percival Lafer, que mora na Antuérpia, a maior cidade da região da Flandres na Bélgica.

Da esquerda para a direita: Arlette Oyen, Jean-Marie Stulens, Ludwig Stolz, Julia Lafer, Monika Schnur e Heike Stolz.
Da esquerda para a direita: Arlette Oyen, Jean Marie Stulens, Ludwig Stolz, Julia Lafer, Monika Schnur e Heike Stolz.

Quando a tarde começou a cair naquele 15 de junho de 2025, os primeiros laferistas ligaram seus motores, rumando de volta para casa. Mais um ano na conta, para ficar na memória e para trazer inspiração por dias melhores na sequência. Até 2026!

P.S.: agradecemos ao Miro Dudek pelo envio das fotografias de Tom Geraerts, que ilustram este artigo.

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Percival Lafer: Design, indústria e mercado (Amazon)

MP Lafer é destaque em Arezzo na Itália

É tempo de primavera em Arezzo: é tempo de MP Lafer!
É tempo de primavera em Arezzo: é tempo de MP Lafer!

Tiziano Casimirri tem um MP Lafer em Arezzo na região da Toscana, Itália. Ele relata o 13º Raduno Provinciale Auto e Moto  Storiche “Cittá di Arezzo".

Quem dirige um MP Lafer ocasionalmente sabe que as pessoas nos postos de combustíveis, nas calçadas dos restaurantes e mesmo nos sinais de trânsito farão perguntas simples do tipo:

- Onde esse carro foi feito?

Geralmente, elas se surpreendem quando afirmamos que o MP Lafer foi feito no Brasil mesmo, na cidade de São Bernardo do Campo, entre 1974 e 1990. Se a breve conversa continuar, os ouvintes ficarão surpreendidos novamente, ao saber que o modelo foi exportado para vários países do mundo, inclusive da América do Norte e da Europa.

Dentre as nações que mais receberam o MP Lafer estão a Alemanha e a Itália. Na Alemanha os entusiastas do MP Lafer são mais organizados, tanto que realizam um encontro anual há mais de dez anos. Na Itália, os entusiastas da marca estão mais dispersos.

Isto não significa que eles não se importam com o MP Lafer. Pelo contrário: buscam por informações, peças e ou simples correspondência com os representantes não oficiais do MP Lafer no Brasil, embora o fabricante reconheça publicamente o empenho do Clube MP Lafer Brasil e do site mplafer.net na preservação da memória do conversível.

Assim, foi com satisfação que recebemos o contato de Tiziano Casimirri, policial na cidade de Arezzo, na Itália. Ele tem um MP Lafer ano 1979, que se deu de presente quando completou 50 anos de idade, em 2019. Desde então, sempre que pode, ele leva sua máquina – e sua noiva Mascia, nos encontros de carros antigos e especiais na região da Toscana, onde o clima idílico faz jus à expressão “Dolce Vita”, que os italianos exportam para o resto do mundo, embora as pessoas estejam cada vez mais ocupadas com outras coisas, enquanto a vida passa.

Nesta ocasião, ele encaminhou imagens do 13º Raduno Provinciale Auto e Moto Storiche “Cittá di Arezzo”, com os seguintes dizeres:

“Oggi abbiamo fatto un raduno di auto d'epoca nella mia città, Arezzo. La mia MP è stata apprezzata da tutti. Tanti saluti dall'Italia a tutti gli appassionati di Lafer. Ciao!”

O 13º Passeio Provincial de Carros e Motos Históricos “Cidade de Arezzo” ocorreu num domingo, dia 25 de maio de 2025. E se você não compreende o idioma italiano, traduzimos:

“Hoje tivemos um encontro de carros antigos na minha cidade, Arezzo. Meu MP foi elogiado por todos. Saudações da Itália a todos os entusiastas do Lafer. Tchau!”

Grazie, Casimirri. Obrigado pela amizade e por compartilhar um pouco da sua doce vida italiana com a gente.

Galeria de imagens

Casimirri e seu MP Lafer 1979.
Casimirri e seu MP Lafer 1979.

Um Citroën, um MP Lafer e várias pessoas diante da catedral de Arezzo.
Um Citroën, um MP Lafer e várias pessoas diante da catedral de Arezzo.

Além dos carros, a bicicleta é outra paixão dos italianos.
Além dos carros, a bicicleta é outra paixão dos italianos.

Várias marcas e um objetivo: curtir um domingo diferente.
Várias marcas e um objetivo: curtir um domingo diferente.

Fiat 500, Beetle Cabriolet e MP Lafer: carros ideias para desfrutar o melhor da Toscana.
Fiat 500, Beetle Cabriolet e MP Lafer: carros ideias para desfrutar o melhor da Toscana.

MP Lafer: um automóvel brasileiro aceito no concorrido mercado europeu.
MP Lafer: um automóvel brasileiro aceito no concorrido mercado europeu. 

Onde tem um MP Lafer, tem gente feliz por perto.
Onde tem um MP Lafer, tem gente feliz por perto.

Os motociclistas também apreciaram o evento promovido em Arezzo.
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Após várias edições itinerantes, o Clube do MP Lafer optou por se estabilizar em Holambra para promover os encontros anuais recentes, numa nova fase.

Por Jean Tosetto

Tire as coisas sem sentido da vida e a vida perde o sentido. Ao observarmos a imagem acima com a frieza da razão, poderemos questionar qual a utilidade dos guarda-chuvas pendurados sobre a alameda. Os mais atentos observarão as fachadas em estilo holandês e quem conhece o lugar sabe que por trás daquele conjunto colorido existe um galpão bem brasileiro. E quem conhece um pouco sobre automóveis, sabe que o MP Lafer não é exemplo de carro utilitário, pois só leva duas pessoas envoltas numa carroceria de portas cortadas em diagonal, fora o motor VW refrigerado a ar alojado na traseira, deixando aquela grade frontal de radiador sem função específica, salvo preservar a estética de um tempo que não volta.

Agora podemos fazer o exercício reverso: tire os guarda-chuvas coloridos da rua, as fachadas coloridas do galpão e o MP Lafer de circulação. O que sobra?

Também podemos estender o questionamento para a razão de ser de um encontro anual de MP Lafer. O que leva uma pessoa de São Paulo a percorrer pouco mais de 130 km entre São Paulo e Holambra apenas para ver outros automóveis parecidos com o seu?  Pois teve um casal que veio de Birigui, distante 433 km ou 5 horas de viagem só de ida, para estar junto com quem veio de São José do Rio Preto, distante "apenas" 332 km ou 4 horas de percurso sem contar a volta.

Teve gente que veio sem MP, mas vestiu a nova camisa do Clube MP Lafer Brasil, mesmo assim. Teve gente que ainda sonha em ter um MP, viajando para estar mais perto da fonte de seus desejos. Gente que se hospeda em hotéis e pousadas, almoça e janta em diversos restaurantes, confeitarias e lanchonetes. Gente que fez um bate e volta, no sábado ou no domingo. Gente que nem sabia que havia encontro do MP Lafer marcado para os dias 17 e 18 de maio de 2025, mas estava de passagem na cidade e se encantou com a reunião dos conversíveis de apelo puramente emocional.

Neste ano duas ausências foram relevantes: o Gilberto Martines, que esteve presente em todos os 27 encontros de MP Lafer anteriores, faltou pela primeira vez. O Romeu Nardini, diretor do Clube, foi tomado de assalto por uma forte gripe que o deixou de molho por alguns dias. Em compensação, os entusiastas da marca puderam contar com a presença de Percival Lafer e sua esposa, a Branca. Eles vieram a bordo do último MP Lafer finalizado na antiga fábrica de São Bernardo do Campo, em 1990. 

A filha Paula e o genro Miguel vieram também, num carro convencional, e puderam testemunhar como o designer de 89 anos é querido por pessoas de várias gerações, que lhe pediram autógrafos enquanto contavam parte de suas paixões pelo veículo.

Quem esteve presente em Holambra neste ano foi agraciado com um clima agradável como poucas vezes pode ser notado nas últimas décadas, com um sol que acalentava sem deixar a pele suada, e uma brisa suave que inspirava breves caminhadas pelas sombras das árvores espalhadas entre canteiros de flores e casas sem muros. Neste cenário idílico, Holambra recebeu 30 MPs no sábado e 26 no domingo (dos quais 16 pernoitaram na região e 10 não vieram no dia anterior), perfazendo um total de 40 MPs diferentes que circularam pela cidade, durante o fim de semana.

Há muitos pormenores que poderiam ganhar um comentário mais detalhado neste relato, cujas fotografias não revelam as conversar descontraídas trocadas entre turistas, moradores da cidade, proprietários e entusiastas do MP Lafer. O que você está lendo aqui, portanto, não é um registro de ata de uma reunião de sócios de uma empresa ou de moradores de um condomínio, mas um convite - ou quem sabe um estímulo - para que venha participar da festa conosco no ano que vem, quando, assim esperamos, repetiremos a carreata pelas principais ruas e avenidas de Holambra, na manhã de domingo.

Por fim, cabe mencionar o agradecimento ao Walter Arruda e sua esposa Regina, por estarem a frente do Clube do MP Lafer na organização dos 28 encontros anuais da marca, que recentemente ganhou a ajuda do Alfeu Cabral, cujo contato com a secretaria de turismo de Holambra tornou-se imprescindível, cujos membros representados pela Alessandra e pelo Matheus também são dignos da nossa gratidão.

Galeria

O pátio da Prefeitura de Holambra recebeu os MPs mais uma vez.
O pátio da Prefeitura de Holambra recebeu os MPs mais uma vez.

Céu azul de brigadeiro sobre os MPs em Holambra.
Céu azul de brigadeiro sobre os MPs em Holambra.

Percival Lafer autografa um exemplar do livro do MP para Marco Rossi.
Percival Lafer autografa um exemplar do livro do MP para Marco Rossi.

O criador do MP Lafer com um de seus proprietários mais antigos: o Jabá.
O criador do MP Lafer com um de seus proprietários mais antigos: o Jabá.

Walter, Branca, Paula, Carol, Percival, Jean e Renata.
Walter, Branca, Paula, Carol, Percival, Jean e Renata.

Dia tranquilo para caminhar sem pressa entre os carros dos amigos.
Dia tranquilo para caminhar sem pressa entre os carros dos amigos.

Turistas e proprietários de MPs interagem de forma espontânea.
Turistas e proprietários de MPs interagem de forma espontânea.

O pedalcar Bandeirante personalizado como o MP Lafer de Flávio Fernandes, de  Botucatu.
O pedalcar Bandeirante personalizado como o MP Lafer de Flávio Fernandes, de  Botucatu.

O MP Lafer Ti com rodas douradas de Reinaldo Keller, de Socorro.
O MP Lafer Ti com rodas douradas de Reinaldo Keller, de Socorro.

Encontro de MP e encontro de gente em Holambra.
Encontro de MP e encontro de gente em Holambra.

No sábado logo de manhã, os ciclistas param para ver os primeiros MPs chegando na cidade.
No sábado logo de manhã, os ciclistas param para ver os primeiros MPs chegando na cidade.

Filtro vermelho acionado na foto em preto e branco, para salientar a beleza dos MPs.
Filtro vermelho acionado na foto em preto e branco, para salientar a beleza dos MPs.

O canteiro de flores emoldura a foto com os MPs.
O canteiro de flores emoldura a foto com os MPs.

Turista se prepara para fazer uma selfie diante de um MP Lafer.
Turista se prepara para fazer uma selfie diante de um MP Lafer.

Branca & Percival: parceria de mais de 60 anos.
Branca & Percival: parceria de mais de 60 anos.

Flores e MPs colorindo Holambra.
Flores e MPs colorindo Holambra.

Este MP 1990 pertence ao Percival Lafer: o último que saiu da fábrica.
Este MP 1990 pertence ao Percival Lafer: o último que saiu da fábrica.

A foto que não pode faltar num relato de encontro de MP Lafer, com seus para-lamas perfilados.
A foto que não pode faltar num relato de encontro de MP Lafer, com seus para-lamas perfilados. 

Os entusiastas do MP Lafer reunidos na tarde de sábado em Holambra.
Os entusiastas do MP Lafer reunidos na tarde de sábado em Holambra.

A coleção de miniaturas de MP Lafer do Luiz Wagner de Almeida, de Campinas.
A coleção de miniaturas de MP Lafer do Luiz Wagner de Almeida, de Campinas.

Os entusiastas do MP Lafer reunidos no domingo de manhã em Holambra.
Os entusiastas do MP Lafer reunidos no domingo de manhã em Holambra.

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