MP Lafer alcança a Bélgica e os Países Baixos

Onze MPs reunidos diante da fachada do Hotel Malpertuus em Riemst, na Bélgica.
Onze MPs reunidos diante da fachada do Hotel Malpertuus em Riemst, na Bélgica.

Em 2011 alguns laferistas começaram a resgatar a história do MP Lafer na Europa. Esse trabalho chegou na Bélgica e nos Países Baixos em junho de 2025.

Diógenes, o filósofo cínico, caminhava por Atenas, no tempo da Grécia Antiga, pedindo esmolas para as estátuas. Quando lhe perguntavam o motivo para fazer isso, ele respondia que estava treinando para lidar com a indiferença das pessoas reais, se por acaso pedisse algo para elas. Diógenes, mesmo vivendo num barril em praça pública, jamais reclamava da vida. É óbvio que todos nós temos razões para reclamar de várias coisas, mas se você tem um MP Lafer, então tem menos direito para lamentar do que os outros. E se você tem um MP Lafer na Alemanha, na Bélgica, nos Países Baixos, na França ou na Itália, você tem menos direito ainda.

Na Europa, depois da Páscoa, o sol começa a ficar convidativo para um passeio de MP Lafer. Assim, seus proprietários podem se aquecer para participar de mais um encontro anual do MP Lafer Germany, que vem colecionando uma série de eventos de grande apelo turístico e cultural que, aos poucos, mostra as belezas da Alemanha e arredores para um público que só conhece o que chega pela TV ou grandes portais da Internet.

Aquela imagem clássica, dos MPs perfilados, que não pode faltar em nenhum relato sobre os eventos da marca Lafer.
Aquela imagem clássica, dos MPs perfilados, que não pode faltar em nenhum relato sobre os eventos da marca Lafer.

Pela primeira vez, desde sua origem em 2011, um encontro do MP Lafer Germany foi sediado fora da Alemanha. A cidade escolhida para 2025 foi Riemst, na Bélgica, um município situado na província de Limburgo, na região da Flandres, próximo à cidade histórica de Tongeren. Com cerca de 16 mil habitantes distribuídos em submunicípios como Kanne, Vlijtingen, Zichen-Zussen-Bolder e Genoelselderen, Riemst é uma daquelas cidades que mantém uma atmosfera tranquila e acolhedora, ideal para quem busca experiências autênticas fora dos grandes centros urbanos.

Entre os principais atrativos de Riemst está o Wijnkasteel Genoels-Elderen, um castelo vinícola rodeado por vinhedos. Outro destaque é o museu De Brug Vroenhoven, que une arquitetura contemporânea com exposições sobre a Segunda Guerra Mundial. A cidade também abriga vinícolas como o Wijndomein Vlijtingen e lojas especializadas como a De Jambrouwerij, voltada para cervejas artesanais e produtos locais. Para quem busca relaxamento, spas como o Visa-Versa e o Total Balance oferecem momentos de tranquilidade em meio à natureza.

Essa imagem dos MPs no gramado diante de um bosque lembra a capa do disco "All things must pass" do George Harrison, de 1970. Só faltou ele e os duendes entre os carros.
Essa imagem dos MPs no gramado diante de um bosque lembra a capa do disco "All things must pass" do George Harrison, de 1970. Só faltou ele e os duendes entre os carros.

Como já é uma tradição no MP Lafer Germany, a cada ano um casal diferente é nomeado para organizar o encontro anual da entidade. Em 2025 os organizadores do 14º Encontro do MP Lafer na Europa foram a Arlette e o Jean Marie, que escolheram o Hotel Malpertuus para abrigar os participantes durante o fim de semana entre os dias 13 e 15 de junho. Eles também reservaram três veículos de apoio para acompanhar os MPs durante os passeios programados, num trabalho acompanhado de perto pelos incansáveis Ludwig & Heike Stolz.

Os alemães são conhecidos pela sua organização e adoção de padrões de qualidade, mesmo nos momentos de descontração.
Os alemães são conhecidos pela sua organização e adoção de padrões de qualidade, mesmo nos momentos de descontração.

A seguir, reproduzimos a mensagem de Jean Marie para os amigos laferistas da Europa:

"Queridos amigos do MP,

Sejam muito bem-vindos!

Gostaríamos de lhes proporcionar dias agradáveis. Tentaremos organizar um encontro de três dias agradáveis tanto na parte belga quanto na parte holandesa de Limburgo.

Arlette e eu somos de uma cidade vizinha, Zutendaal. Não foi fácil encontrar um hotel com bons quartos e uma licença para nossos amigos de quatro rodas, por isso ficamos ainda mais felizes por termos conseguido. Nosso programa foi planejado para agradar a todos.

Durante esses dias faremos dois passeios com pontos turísticos, cafés e, claro, com a bela natureza da Bélgica e da Holanda.

Algumas dicas importantes:

Sempre dirigimos por estradas pavimentadas, mas o tempo esteve instável nos últimos dias e a chuva pode ter deixado poeira nos carros. Portanto, mantenham distância entre os veículos. Cuidem de seus companheiros de estrada, ciclistas e pedestres, respeitem a preferência pela direita e os limites de velocidade.

Recomendamos abastecer na Bélgica, pois a gasolina na Holanda é bem mais cara (até 1 euro/litro de diferença).

Aproveitem a região, os edifícios monumentais e muito mais... Isto é Limburg!

Nota: Informamos que haverá controle de velocidade.

Caso tenham uma pane na estrada...

Sem problemas!

Teremos um técnico da VW conosco, trazendo as peças sobressalentes mais necessárias. Se necessário, um reboque está reservado.

Em caso de emergência, entre em contato com: Geert Depoortere.

Desejamos a todos dias maravilhosos e damos início oficialmente ao 14º Encontro MP Lafer!

Com carinho, Jean Marie & Arlette"

Desse modo, o dia 13 de junho, sexta-feira, foi marcado pela chegada dos laferistas. Quem veio mais cedo pôde passear pelos campos de flores de Bordeloon. Já a recepção no hotel, no começo da noite, foi regada com cerveja belga, que antecedeu um jantar em grupo.

Cada um com seu sobrenome, mas por um fim de semana no ano, todos são da família Lafer.
Cada um com seu sobrenome, mas por um fim de semana no ano, todos são da família Lafer.

No dia seguinte, o café da manhã antecedeu um briefing com os motoristas, que depois saíram em direção às cavernas em Mergelhaus e Neercanne (Holanda), onde os participantes tiveram que levar os casacos, pois a temperatura no interior delas era mais baixa que o normal.

Um MP Lafer transita por uma estrada lindeira a uma formação de calcário, na região de Limburgo, entre e a Bélgica e os Países Baixos.
Um MP Lafer transita por uma estrada lindeira a uma formação de calcário, na região de Limburgo, entre e a Bélgica e os Países Baixos.

As cavernas de Mergelhuis e Neercanne são formações subterrâneas que fazem parte do sistema de túneis escavados em rochas de marga — um tipo de rocha sedimentar rica em calcário. Essas cavernas  foram utilizadas historicamente para diversos fins, como armazenamento, abrigo e até como esconderijos durante conflitos.

A Mergelhuis, que significa literalmente "Casa da Marga", é uma entrada para esse mundo subterrâneo. Ela abriga exposições sobre a geologia local, a história da mineração de marga e o uso das cavernas ao longo dos séculos. Já as cavernas próximas ao Castelo de Neercanne, que fica na fronteira entre Bélgica e Holanda, são notáveis por sua conexão com o castelo barroco. Os túneis de marga foram usados como adegas e passagens secretas, e hoje fazem parte da experiência turística do local. O restaurante do castelo, por exemplo, utiliza essas cavernas como adega de vinhos.

O almoço foi realizado no “Treech ‘42”, em Maastricht, uma das cidades mais antigas dos Países Baixos, localizada na extremidade sul do país, na província de Limburgo, da qual é capital. Com cerca de 121 mil habitantes, a cidade se espalha pelas duas margens do rio Mosa (Maas), em uma região estratégica entre Bélgica e Alemanha. Seu nome deriva do latim Mosae Traiectum, que significa “travessia do Mosa”, em referência à ponte construída pelos romanos durante o reinado de César Augusto.

Fundada por volta de 50 a.C., Maastricht tem raízes na história romana e medieval. A cidade preserva vestígios da ponte original romana, muralhas antigas e construções góticas e românicas, como a Basílica de São Servácio e a Igreja de São João (Sint Janskerk). O centro histórico é repleto de ruas de paralelepípedos, praças como a Vrijthof e a Markt, e edifícios que misturam tradição e modernidade.

No começo da tarde, os laferistas passearam pela rota Mergelland, parando para tomar um café no terraço do "Rood Bos", em Teuven, uma pequena aldeia localizada na comuna de Voeren, na província de Limburgo, Bélgica. Com menos de 500 habitantes, Teuven fica na região histórica do Land van Herve, a vila faz parte de uma exclave flamenga cercada por território de língua francesa, o que lhe confere uma identidade cultural única.

Os MPs, seus motoristas e passageiros são recebidos na prefeitura de Zutendaal, na Bélgica.
Os MPs, seus motoristas e passageiros são recebidos na prefeitura de Zutendaal, na Bélgica.

Apresentação do grupo folclórico “Klompkes”.
Apresentação do grupo folclórico “Klompkes”.

Por fim, no domingo de manhã a programação foi centrada em Zutendaal, uma das áreas mais densamente florestadas da Flandres, tornando-se um destino ideal para amantes da natureza e atividades ao ar livre, como a Blotevoetenpad, uma trilha para caminhada descalça. Naquela cidade, os amigos europeus do MP Lafer foram recepcionados na prefeitura local, com direito a um discurso da  vereadora Rita Indestege, seguido de café com bolo de Limburg, oferecido pelo grupo folclórico “Klompkes”, antes do almoço no restaurante “Sietereij”, que contou com a participação da Julia Lafer Rabinovitch, neta de Branca & Percival Lafer, que mora na Antuérpia, a maior cidade da região da Flandres na Bélgica.

Da esquerda para a direita: Arlette Oyen, Jean-Marie Stulens, Ludwig Stolz, Julia Lafer, Monika Schnur e Heike Stolz.
Da esquerda para a direita: Arlette Oyen, Jean Marie Stulens, Ludwig Stolz, Julia Lafer, Monika Schnur e Heike Stolz.

Quando a tarde começou a cair naquele 15 de junho de 2025, os primeiros laferistas ligaram seus motores, rumando de volta para casa. Mais um ano na conta, para ficar na memória e para trazer inspiração por dias melhores na sequência. Até 2026!

P.S.: agradecemos ao Miro Dudek pelo envio das fotografias de Tom Geraerts, que ilustram este artigo.

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É tempo de primavera em Arezzo: é tempo de MP Lafer!
É tempo de primavera em Arezzo: é tempo de MP Lafer!

Tiziano Casimirri tem um MP Lafer em Arezzo na região da Toscana, Itália. Ele relata o 13º Raduno Provinciale Auto e Moto  Storiche “Cittá di Arezzo".

Quem dirige um MP Lafer ocasionalmente sabe que as pessoas nos postos de combustíveis, nas calçadas dos restaurantes e mesmo nos sinais de trânsito farão perguntas simples do tipo:

- Onde esse carro foi feito?

Geralmente, elas se surpreendem quando afirmamos que o MP Lafer foi feito no Brasil mesmo, na cidade de São Bernardo do Campo, entre 1974 e 1990. Se a breve conversa continuar, os ouvintes ficarão surpreendidos novamente, ao saber que o modelo foi exportado para vários países do mundo, inclusive da América do Norte e da Europa.

Dentre as nações que mais receberam o MP Lafer estão a Alemanha e a Itália. Na Alemanha os entusiastas do MP Lafer são mais organizados, tanto que realizam um encontro anual há mais de dez anos. Na Itália, os entusiastas da marca estão mais dispersos.

Isto não significa que eles não se importam com o MP Lafer. Pelo contrário: buscam por informações, peças e ou simples correspondência com os representantes não oficiais do MP Lafer no Brasil, embora o fabricante reconheça publicamente o empenho do Clube MP Lafer Brasil e do site mplafer.net na preservação da memória do conversível.

Assim, foi com satisfação que recebemos o contato de Tiziano Casimirri, policial na cidade de Arezzo, na Itália. Ele tem um MP Lafer ano 1979, que se deu de presente quando completou 50 anos de idade, em 2019. Desde então, sempre que pode, ele leva sua máquina – e sua noiva Mascia, nos encontros de carros antigos e especiais na região da Toscana, onde o clima idílico faz jus à expressão “Dolce Vita”, que os italianos exportam para o resto do mundo, embora as pessoas estejam cada vez mais ocupadas com outras coisas, enquanto a vida passa.

Nesta ocasião, ele encaminhou imagens do 13º Raduno Provinciale Auto e Moto Storiche “Cittá di Arezzo”, com os seguintes dizeres:

“Oggi abbiamo fatto un raduno di auto d'epoca nella mia città, Arezzo. La mia MP è stata apprezzata da tutti. Tanti saluti dall'Italia a tutti gli appassionati di Lafer. Ciao!”

O 13º Passeio Provincial de Carros e Motos Históricos “Cidade de Arezzo” ocorreu num domingo, dia 25 de maio de 2025. E se você não compreende o idioma italiano, traduzimos:

“Hoje tivemos um encontro de carros antigos na minha cidade, Arezzo. Meu MP foi elogiado por todos. Saudações da Itália a todos os entusiastas do Lafer. Tchau!”

Grazie, Casimirri. Obrigado pela amizade e por compartilhar um pouco da sua doce vida italiana com a gente.

Galeria de imagens

Casimirri e seu MP Lafer 1979.
Casimirri e seu MP Lafer 1979.

Um Citroën, um MP Lafer e várias pessoas diante da catedral de Arezzo.
Um Citroën, um MP Lafer e várias pessoas diante da catedral de Arezzo.

Além dos carros, a bicicleta é outra paixão dos italianos.
Além dos carros, a bicicleta é outra paixão dos italianos.

Várias marcas e um objetivo: curtir um domingo diferente.
Várias marcas e um objetivo: curtir um domingo diferente.

Fiat 500, Beetle Cabriolet e MP Lafer: carros ideias para desfrutar o melhor da Toscana.
Fiat 500, Beetle Cabriolet e MP Lafer: carros ideias para desfrutar o melhor da Toscana.

MP Lafer: um automóvel brasileiro aceito no concorrido mercado europeu.
MP Lafer: um automóvel brasileiro aceito no concorrido mercado europeu. 

Onde tem um MP Lafer, tem gente feliz por perto.
Onde tem um MP Lafer, tem gente feliz por perto.

Os motociclistas também apreciaram o evento promovido em Arezzo.
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Após várias edições itinerantes, o Clube do MP Lafer optou por se estabilizar em Holambra para promover os encontros anuais recentes, numa nova fase.

Por Jean Tosetto

Tire as coisas sem sentido da vida e a vida perde o sentido. Ao observarmos a imagem acima com a frieza da razão, poderemos questionar qual a utilidade dos guarda-chuvas pendurados sobre a alameda. Os mais atentos observarão as fachadas em estilo holandês e quem conhece o lugar sabe que por trás daquele conjunto colorido existe um galpão bem brasileiro. E quem conhece um pouco sobre automóveis, sabe que o MP Lafer não é exemplo de carro utilitário, pois só leva duas pessoas envoltas numa carroceria de portas cortadas em diagonal, fora o motor VW refrigerado a ar alojado na traseira, deixando aquela grade frontal de radiador sem função específica, salvo preservar a estética de um tempo que não volta.

Agora podemos fazer o exercício reverso: tire os guarda-chuvas coloridos da rua, as fachadas coloridas do galpão e o MP Lafer de circulação. O que sobra?

Também podemos estender o questionamento para a razão de ser de um encontro anual de MP Lafer. O que leva uma pessoa de São Paulo a percorrer pouco mais de 130 km entre São Paulo e Holambra apenas para ver outros automóveis parecidos com o seu?  Pois teve um casal que veio de Birigui, distante 433 km ou 5 horas de viagem só de ida, para estar junto com quem veio de São José do Rio Preto, distante "apenas" 332 km ou 4 horas de percurso sem contar a volta.

Teve gente que veio sem MP, mas vestiu a nova camisa do Clube MP Lafer Brasil, mesmo assim. Teve gente que ainda sonha em ter um MP, viajando para estar mais perto da fonte de seus desejos. Gente que se hospeda em hotéis e pousadas, almoça e janta em diversos restaurantes, confeitarias e lanchonetes. Gente que fez um bate e volta, no sábado ou no domingo. Gente que nem sabia que havia encontro do MP Lafer marcado para os dias 17 e 18 de maio de 2025, mas estava de passagem na cidade e se encantou com a reunião dos conversíveis de apelo puramente emocional.

Neste ano duas ausências foram relevantes: o Gilberto Martines, que esteve presente em todos os 27 encontros de MP Lafer anteriores, faltou pela primeira vez. O Romeu Nardini, diretor do Clube, foi tomado de assalto por uma forte gripe que o deixou de molho por alguns dias. Em compensação, os entusiastas da marca puderam contar com a presença de Percival Lafer e sua esposa, a Branca. Eles vieram a bordo do último MP Lafer finalizado na antiga fábrica de São Bernardo do Campo, em 1990. 

A filha Paula e o genro Miguel vieram também, num carro convencional, e puderam testemunhar como o designer de 89 anos é querido por pessoas de várias gerações, que lhe pediram autógrafos enquanto contavam parte de suas paixões pelo veículo.

Quem esteve presente em Holambra neste ano foi agraciado com um clima agradável como poucas vezes pode ser notado nas últimas décadas, com um sol que acalentava sem deixar a pele suada, e uma brisa suave que inspirava breves caminhadas pelas sombras das árvores espalhadas entre canteiros de flores e casas sem muros. Neste cenário idílico, Holambra recebeu 30 MPs no sábado e 26 no domingo (dos quais 16 pernoitaram na região e 10 não vieram no dia anterior), perfazendo um total de 40 MPs diferentes que circularam pela cidade, durante o fim de semana.

Há muitos pormenores que poderiam ganhar um comentário mais detalhado neste relato, cujas fotografias não revelam as conversar descontraídas trocadas entre turistas, moradores da cidade, proprietários e entusiastas do MP Lafer. O que você está lendo aqui, portanto, não é um registro de ata de uma reunião de sócios de uma empresa ou de moradores de um condomínio, mas um convite - ou quem sabe um estímulo - para que venha participar da festa conosco no ano que vem, quando, assim esperamos, repetiremos a carreata pelas principais ruas e avenidas de Holambra, na manhã de domingo.

Por fim, cabe mencionar o agradecimento ao Walter Arruda e sua esposa Regina, por estarem a frente do Clube do MP Lafer na organização dos 28 encontros anuais da marca, que recentemente ganhou a ajuda do Alfeu Cabral, cujo contato com a secretaria de turismo de Holambra tornou-se imprescindível, cujos membros representados pela Alessandra e pelo Matheus também são dignos da nossa gratidão.

Galeria

O pátio da Prefeitura de Holambra recebeu os MPs mais uma vez.
O pátio da Prefeitura de Holambra recebeu os MPs mais uma vez.

Céu azul de brigadeiro sobre os MPs em Holambra.
Céu azul de brigadeiro sobre os MPs em Holambra.

Percival Lafer autografa um exemplar do livro do MP para Marco Rossi.
Percival Lafer autografa um exemplar do livro do MP para Marco Rossi.

O criador do MP Lafer com um de seus proprietários mais antigos: o Jabá.
O criador do MP Lafer com um de seus proprietários mais antigos: o Jabá.

Walter, Branca, Paula, Carol, Percival, Jean e Renata.
Walter, Branca, Paula, Carol, Percival, Jean e Renata.

Dia tranquilo para caminhar sem pressa entre os carros dos amigos.
Dia tranquilo para caminhar sem pressa entre os carros dos amigos.

Turistas e proprietários de MPs interagem de forma espontânea.
Turistas e proprietários de MPs interagem de forma espontânea.

O pedalcar Bandeirante personalizado como o MP Lafer de Flávio Fernandes, de  Botucatu.
O pedalcar Bandeirante personalizado como o MP Lafer de Flávio Fernandes, de  Botucatu.

O MP Lafer Ti com rodas douradas de Reinaldo Keller, de Socorro.
O MP Lafer Ti com rodas douradas de Reinaldo Keller, de Socorro.

Encontro de MP e encontro de gente em Holambra.
Encontro de MP e encontro de gente em Holambra.

No sábado logo de manhã, os ciclistas param para ver os primeiros MPs chegando na cidade.
No sábado logo de manhã, os ciclistas param para ver os primeiros MPs chegando na cidade.

Filtro vermelho acionado na foto em preto e branco, para salientar a beleza dos MPs.
Filtro vermelho acionado na foto em preto e branco, para salientar a beleza dos MPs.

O canteiro de flores emoldura a foto com os MPs.
O canteiro de flores emoldura a foto com os MPs.

Turista se prepara para fazer uma selfie diante de um MP Lafer.
Turista se prepara para fazer uma selfie diante de um MP Lafer.

Branca & Percival: parceria de mais de 60 anos.
Branca & Percival: parceria de mais de 60 anos.

Flores e MPs colorindo Holambra.
Flores e MPs colorindo Holambra.

Este MP 1990 pertence ao Percival Lafer: o último que saiu da fábrica.
Este MP 1990 pertence ao Percival Lafer: o último que saiu da fábrica.

A foto que não pode faltar num relato de encontro de MP Lafer, com seus para-lamas perfilados.
A foto que não pode faltar num relato de encontro de MP Lafer, com seus para-lamas perfilados. 

Os entusiastas do MP Lafer reunidos na tarde de sábado em Holambra.
Os entusiastas do MP Lafer reunidos na tarde de sábado em Holambra.

A coleção de miniaturas de MP Lafer do Luiz Wagner de Almeida, de Campinas.
A coleção de miniaturas de MP Lafer do Luiz Wagner de Almeida, de Campinas.

Os entusiastas do MP Lafer reunidos no domingo de manhã em Holambra.
Os entusiastas do MP Lafer reunidos no domingo de manhã em Holambra.

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Livro do MP Lafer: últimos exemplares da edição original

Um café com Percival Lafer

Percival Lafer e Jean Tosetto na Forneria San Paolo.
Percival Lafer e Jean Tosetto na Forneria San Paolo.

O criador do MP Lafer e o autor do livro sobre o carro se encontram para um café, que ficará na memória compartilhada com os amigos deste conversível.

Ao nos despedirmos após do almoço de fim de ano do Clube do MP Lafer em Santana de Parnaíba, Percival Lafer me disse:

- Quando vier a São Paulo novamente, me avise. Vamos tomar um café.

Um convite como esse é irrecusável, mas só agora, no mês de maio, surgiu a oportunidade para colocar em ação o que algumas palavras formais sugerem. Vim para São Paulo representar a Suno Research na "Mobility & Show + Expo Braille 2025", uma feira realizada no Transamérica Expo Center. A FastBraille, uma das expositoras do evento, está gerando versões em Braille dos livros da Suno, que escrevi ou editei nos últimos anos.

Avisei o Percival que estaria na Livraria da Vila no Shopping JK por volta das duas horas da tarde, mas cheguei um pouco mais cedo. Então, para não flanar feito um fantasma pelas estantes de livros, resolvi comprar Fragmentos para a história da filosofia, de Arthur Schopenhauer. Assim, pude me ajeitar no canto de um sofá almofadado, para não incomodar os outros. Após terminar o capítulo sobre Sócrates, levantei o pescoço feito um periscópio de submarino e, por coincidência, o Percival estava entrando na loja.

Caminhamos até a Forneria San Paolo. Pedimos permissão para apenas tomar um café ali, dado que o lugar é um restaurante de culinária italiana. Pedi um cappuccino e uma garrafa de água para o garçom, que perguntou:

- Cappuccino médio ou pequeno?

- Cappuccino pequeno é sacrilégio. Quero um médio.

O Percival me acompanhou no pedido. Somos de gerações diferentes, ainda que do mesmo século. Ele nasceu em 1936 e faz parte da Geração Silenciosa, que ajudou a construir o Brasil urbano a partir dos anos de 1960, gerando empregos ao invés de seguidores em redes sociais. Nasci em 1976 e sou da Geração X, da encruzilhada da Era Analógica com a Era Digital. Não por acaso, nosso primeiro assunto foi sobre a Geração Alpha, de quem nasceu após 2010, que terá que lidar com um mundo totalmente novo, sem paradigmas e dogmas, mas sem referências sólidas para lidar com os avanços da tecnologia, especialmente da inteligência artificial.

Nós, entretanto, somos outros tipos de alfa: somos remanescentes do século XX que gostam de conversar como machos alfa, falando de carros, obviamente. Ele citou seu BMW coupé de 1970, um modelo com um desenho irrepreensível que trazia uma inovação: o comando variável de válvulas, que na época ainda não estava plenamente desenvolvido e, embora transformasse um gato manso num lince conforme se pisava no acelerador, costumava falhar com alguma frequência, no que interpretei que isso também acontece com nossas carreiras profissionais, uma vez que, em tese, sabemos que há momentos para dedicação total aos negócios, ao passo que há momentos para amansar o ritmo das coisas, mas nunca sabemos como fazer isso corretamente.

Logo falamos do nosso carro favorito, aquele que nos transformou em amigos: o MP Lafer. Confessei o receio de que, em breve, seremos proibidos de guiar carros com motores a combustão por aí, nesse mundo cada vez mais politicamente correto e ecologicamente mais restritivo. Percival respondeu que não acredita que isso vá acontecer tão cedo, mas que, em todo caso, estou liberado para espetar um motor elétrico em meu carro. Já vislumbrou a revolução? Poderíamos alojar a grande bateria no assoalho do capô dianteiro, equilibrando a distribuição de peso do conjunto e praticamente criando um novo modelo, que poderíamos batizar de E-Lafer, com a eletrônica embarcada substituindo a sigla MP, de Móveis Patenteados.

Por falar nisso, a máscara do macho alfa caiu ao tocar no tema do encerramento das atividades industriais e comerciais da Lafer, anunciada em outubro de 2022. Confessei para o Percival que chorei ao ler o comunicado, pois, após escrever o livro do MP Lafer, que também conta a história da Lafer, acreditei que a empresa duraria para sempre. Ele respondeu que seu irmão, Oscar Lafer, que era diretor comercial da companhia, foi provavelmente a pessoa que mais sentiu o fim das operações, pois a companhia fundada pelo pai, em 1927, representava muita coisa em sua vida. Alias, foi tocante ouvir ele falar de seu irmão e de seu talento nato para o violino.

Embora a Lafer tenha fechado as portas, o trabalho interno ainda não terminou para Percival, pois é necessário resolver alguns passivos, como a destinação do estoque remanescente e o atendimento pós-venda relacionado com as garantias oferecidas para os últimos clientes. Além disso, ele continua desenhando e, no momento, está mergulhado no projeto de uma nova poltrona - não sei se deveria revelar isso, mas ao entregar a informação certamente haverá gente torcendo para que o projeto se torne realidade.

Além do mais, os entusiastas dos móveis Lafer não precisam se sentir órfãos. A ETEL Design está reeditando, ainda que em escala artesanal, as peças icônicas desenvolvidas por Percival Lafer, embora, ironicamente, ele não assinasse pessoalmente suas criações, pois sempre colocou a marca da empresa acima das vaidades pessoais. Talvez, por isso, Percival não tenha sido tão festejado nos anos de 1960 e 1970 como seus colegas de geração, que eram mais personalistas. Assim, o reconhecimento da criatividade dele está vindo de forma tardia, mas solidamente.

Nesse ponto da conversa, mostrei o exemplar do livro do Schopenhauer para Percival, para resgatar uma passagem de outro livro dele, que alias lhe trouxe o reconhecimento já na terceira idade. Em Aforismos para a Sabedoria de Vida o filósofo afirma:

"Uma vantagem da fama dos feitos é que ela geralmente vem imediatamente com uma explosão poderosa, muitas vezes tão poderosa que é ouvida por toda a Europa; enquanto a fama das obras chega lenta e gradualmente, primeiro silenciosamente, depois cada vez mais alto, e muitas vezes só atinge sua força máxima depois de cem anos: mas então ela permanece, porque as obras permanecem, às vezes por milhares de anos. A outra, no entanto, após a primeira explosão, torna-se gradualmente mais fraca, conhecida por cada vez menos pessoas, até que finalmente passa a ter uma existência espectral apenas na história."

Logicamente, sintetizei essa passagem na conversa, pois longe de mim ter a capacidade de decorar o que os livros clássicos eternizam. A vantagem de quem ler este relato é essa: que pude resgatar o que Schopenhauer escreveu de fato. Ele não se dava muito bem com as mulheres e era um tanto pessimista, mas tinha observações que vale a pena absorver.

Diferentemente do pensador do século XIX, Percival Lafer se deu muito bem ao menos com sua esposa Branca. Ela sempre foi a baliza para o designer saber se estava no caminho certo em suas criações. Percival me contou que a Branca era sempre a primeira pessoa a ver seus esboços iniciais de cada projeto, os quais ela criticava sem dó e sem medo de estremecer a relação, instigando o marido a melhorar cada detalhe para entregar um trabalho que certamente seria mais um sucesso da empresa. 

É muito bom ter essa liberdade de opinião dentro da própria casa. Imaginei que esta, provavelmente, foi um das razões para um casamento tão longevo. Tanto que perguntei:

- Há quantos anos você está casado?

- 63.

- E qual é o segredo para um casamento tão duradouro?

- Não tem segredo. A gente não pode correr atrás da pessoa ideal, pois ela não existe.

Essa é a grande falha que muitos cometem: se apaixonar não por uma pessoa de carne osso, mas pela projeção feita a partir dessa pessoa que vemos de vez em quando. Assim, quando o casal resolve morar junto, descobre que a outra parte não era aquilo que se imaginava e muitas vezes essa frustração resulta numa separação.

- Preciso voltar para Paulínia. Minha sobrinha está fazendo aniversário e não posso faltar na festa.

Ao que Percival tirou a carteira do bolso. Porém, o interrompi:

- Não, por favor! Deixe que eu pago o café. Quando foi a última vez que alguém te pagou um cappuccino?

A gente apertou as mãos no caixa eletrônico do estacionamento do Shopping, na borda do labirinto que se esparrama pelos pavimentos do subsolo daquele grande empreendimento. Combinamos um novo café, bastando a ocasião surgir. Em tempos virtuais é sempre bom resgatar o costume antigo de conversar pessoalmente.

Anoiteceu quando ingressei na Rodovia dos Bandeirantes. Caiu uma chuva torrencial e logo um engarrafamento se formou. Permaneci calmo ao sintonizar a Rádio Cultura de São Paulo, tentando memorizar as coisas mais importantes que falamos naquela tarde que, para mim, ficará guardada no coração (gostamos de acreditar que é preciso ser muito macho alfa para escrever algo como isso).

Você compreenderá que o que tornei público aqui foram apenas fragmentos de um diálogo, pois como adiantou Schopenhauer, tudo o que temos da história são fragmentos, não a história propriamente dita. Há miudezas que não valem o compartilhamento e há assuntos que ficam na esfera da amizade, como temas de livros que jamais serão escritos.

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28º Encontro do MP Lafer

Bom dia amigo Laferista,

Chegou mais uma oportunidade de colocar nossos carros na estrada.

Nosso encontro será em Holambra.

Vamos passar um ótimo fim-de-semana com nossos familiares e amigos.

Data: 17 e 18 de maio de 2025 (sábado e domingo)

Vamos procurar estar a partir das 9:00 horas do sábado, dia 17, no estacionamento da Prefeitura situado na Alameda Maurício de Nassau (a mesma da Expoflora), esquina com a Rua Inácio Fonseca (entrar pelo portal do Moinho), sendo que o estacionamento ficará fechado para o nosso Clube.

Aproveite a oportunidade e fique com a família em um dos vários hotéis e pousadas lá existentes já a partir de sexta-feira, dia 16.

Seguem abaixo algumas sugestões de hotéis:

Parque Hotel Vila de Holanda: (19) 99129 7689 – parquehotel@viladeholanda.com.br

Hotel Pousada Europa: (19) 99692 0552 - hotel@pousadaeuropa.com.br

No domingo às 10:00 horas, haverá uma carreata nos pontos principais na cidade, saindo do estacionamento da Prefeitura.

Não se esqueça de ir uniformizado e não deixe de revisar seu carro para não estragar sua viagem.

Até lá!

Walter Barboza de Arruda - Presidente - (11) 97122 6260 - walter.mplafer@uol.com.br

Romeu Nardini - Diretor - (11) 99154 4536 - meco98@uol.com.br 

Cartaz promocional do XXVIII Encontro do MP Lafer - Holambra 2025. Compartilhe sem moderação! (Arte digital por Jean Tosetto)
Cartaz promocional do XXVIII Encontro do MP Lafer - Holambra 2025. Compartilhe sem moderação! (Arte digital por Jean Tosetto)

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