11º Passeio do MP Lafer - Caçapava 2007

Os dez anos do Clube MP Lafer Brasil foram comemorados em praça pública. Uma marca expressiva como esta poderia ser badalada num hotel fazenda ou num centro de convenções de cidade turística, com toda a pompa protocolar que costuma-se associar a um encontro de carros antigos e exóticos. Mas, pensando bem, dessa forma não seria um passeio do MP Lafer. Já em Caçapava, a Praça da Bandeira ainda é o centro social, cívico e comercial da cidade, um lugar onde não se cobra o ingresso e a presença de todos é bem vinda.

Mas o 21 de abril de 2007, feriado nacional de Tiradentes, começou num posto da antiga Rodovia dos Trabalhadores. Ali você pode abastecer seu carro e convidar o amigo para tomar o café da manhã, misturado com leite e pão com manteiga tostado na chapa, enquanto o sol se levanta. Nos outros dias do ano, isso é algo que passa desapercebido, mas em datas especiais como esta, até os sabores das boas lembranças são simples. Simples, porém únicos e valiosos.

O cheiro dos motores, sendo ligados todos de uma vez, pode não ser muito agradável, mas felizmente a brisa suave da serra vem logo em seguida, para encher os pulmões de vida e fazer brilhar os olhos dos participantes, ao perceberem que também fazem parte do cenário multi-colorido dos conversíveis, rodando ante os campos verdejantes, sob um céu azulado. Completam a sinestesia o famoso buzinaço nas estações de pedágio e o ronco dos escapamentos, amplificados pelas reverberações dentro dos túneis de concreto armado.

Mas neste quadro, não dá para pintar apenas as maravilhas de uma ocasião especial. A chegada em Caçapava mostra a dura realidade brasileira, com casas humildes construídas precariamente no alinhamento da estrada de Jambeiro. Pode-se imaginar o que passa pela cabeça de alguém que, ao abrir a janela da sala, vê passar a poucos centímetros uma fila interminável de pára-lamas ressaltados e reluzentes: "Que da hora! De onde veio tanta gente?" Essa gente vem de várias origens: do interior paulista e até de outros estados, como Minas Gerais e Santa Catarina. Já Ricardo Marx veio guiando seu MP desde Apucarana no Paraná, até o Vale do Paraíba, totalizando os 800 quilômetros que lhe valeram o Troféu José Mauro Rabello Cabral.

Algumas avenidas e ruas depois, porém, a festa atingiu seu clímax. A praça, bem arborizada e cercada de edifícios de arquitetura vernacular, ficou pequena para abrigar tantos MPs, um número que mais uma vez bate a casa da centena. Poucas vezes se viu um público tão receptivo e interativo: famílias inteiras caminhando lado a lado com proprietários de MPs, querendo conhecer tudo a respeito do carro. Muitos ficaram sabendo que o Lafer não é importado, por exemplo. E se impressionaram quando informados que não eram carros tão antigos assim.

Os elogios se repetiam a cada passo dado. Eles eram agradecidos com muita atenção por parte dos laferistas, que fizeram questão de explicar cada pormenor questionado pelos curiosos. Tais manifestações populares são espontâneas: não podem ser encomendadas por entidades políticas ou manipuladas por veículos de comunicação em massa. Ao ver crianças sorrindo e apontando o dedo para os MPs - algo que é bem comum, diga-se de passagem - dá até para esquecer de certos aborrecimentos, que cercam os cuidados relativos a quem participa do evento.

Para o presidente Walter Arruda, esta data teve significados particulares. Marcos Antonio, seu grande amigo e co-fundador do Clube MP Lafer Brasil, não pôde comparecer desta vez, devido à problemas de saúde. Mas seu pai, o Tenente Arruda, retornou pela primeira vez à cidade em que serviu no 6º Batalhão de Infantaria por quatro anos, culminando na participação, como Expedicionário, da Segunda Guerra Mundial encerrada em 1945. Caçapava foi uma das cidades brasileiras de onde mais partiram combatentes paulistas, e toda homenagem será pouca para estes verdadeiros heróis da nossa Pátria.

Também pela primeira vez a chuva resolveu aparecer, trazendo um pouco de apreensão para quem resolveu retornar à São Paulo no mesmo dia. Mas pelos um fato tão histórico quanto raro pôde ser registrado: o MP Laferrari do Romeu Nardini foi flagrado com a capota fechada! Ainda sem saber do destino do 12º Passeio do MP, os participantes já tem uma certeza, a de que menções honrosas devem ser entregues aos diretores do Clube, por este belo trabalho realizado a cada ano. Até a próxima!

Por Jean Tosetto, com a colaboração de Nelson Porto e Romeu Nardini.

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