A grade do MP Lafer não abraça um radiador, mas irradia beleza e simpatia. |
Se há uma peça que simbolize o quão exótico é um MP Lafer, que só poderia ser concebido no Brasil durante a década de 1970, esta é a grade dianteira do veículo. Aos desatentos, ela se parece com o colete de radiador, típico dos carros com motorização dianteira fabricados até a década de 1950, com faróis e para-lamas salientes.
O MP Lafer foi claramente inspirado no MG TD, fabricado na
Inglaterra entre 1949 e 1952 e que ostentava tais características. Ocorre que o
modelo brasileiro usa a mecânica boxer originalmente desenvolvida para o VW
Sedan, conhecido como “Beetle” nos Estados Unidos e “Fusca” no Brasil.
Detalhe: o motor refrigerado a ar do MP Lafer simplesmente não tem radiador e, além do mais, fica pendurado no eixo traseiro do carro - nenhuma incoerência que o Karmann Guia não tenha apresentado antes, com seu par de guelras acima do para-choque dianteiro.
Logo, a grade frontal do MP Lafer, em sua versão clássica, é
meramente um elemento decorativo, sem função técnica no carro, salvo envelopar a
ponta do corpo central de fibra de vidro. Na versão de Turismo Internacional –
TI – a grade do MP Lafer foi ganhando outras cores e formatos, inclusive com
uma estampa lisa.
A maioria dos MPs, porém, ostenta a grade que simula as
ranhuras de captação de ar de um radiador. Elas são de aspecto cromado e
brilhante, sendo que em alguns carros existem listras negras que salientam o
contraste entre os altos e baixos no relevo da peça.
Muito leves, elas são feitas de ABS, como o próprio Percival
Lafer, criador do modelo, explica:
“Nós desenvolvemos a grade original apostando num sistema
que experts diziam que não ia dar certo. Mas, como muitas outras coisas
aparentemente malucas que fizemos, deu. O processo era novo, cromação de
verdade sobre chapa de ABS, fabricado na época pela extinta Metalúrgica
Matarazzo.
A cromação era feita pela Nakahara Nakabara, que ainda
está firme no mesmo lugar em São Paulo. Nada a ver com metalização, que é uma
espécie de pintura usada em peças decorativas de vida curta, tipo enfeites de
Natal, ou em peças protegidas de intempéries.”
O ABS é um tipo de plástico, cuja sigla em inglês significa “Acrylonitrile
Butadiene Styrene”, ou seja, trata-se de um polímero desenvolvido nos Estados
Unidos no fim da década de 1940, sendo composto de acrilonitrila, butadieno e estireno,
que resulta em peças leves, resistentes e altamente moldáveis, podendo ser
pigmentadas em diversas cores.
A durabilidade do aspecto visual das grades de ABS cromadas do
MP Lafer pode alcançar décadas. No entanto, dependendo da exposição constante ao
sol e à chuva, além dos produtos usados na limpeza, algumas peças podem perder
o brilho ou escurecer paulatinamente.
Metalização não é cromação
Como o custo de cromação de peças de ABS é relativamente alto
e dominado por poucas empresas no Brasil, alguns proprietários de MP Lafer
optam por fazer a metalização das grades de seus carros. Alguns profissionais que
trabalham com metalização de peças chegam a divulgar seus serviços como sendo de
cromação, dado o aspecto semelhante ao final dos processos.
Porém, cabe o alerta: embora mais barata que a cromação de
uma peça, a metalização é um processo químico de pintura projetada por
compressor e, portanto, completamente diferente da cromação por imersão. De
longe o brilho das peças pode ser parecido, mas de perto nota-se com facilidade
o aspecto de porosidade típico de uma pintura. Além disso, a durabilidade das
peças metalizadas de ABS é muito reduzida, especialmente no caso de exposição
às intempéries.
De acordo com Francisco Paz, membro ativo dos Amigos do MP
Lafer do Rio de Janeiro, a metalização “na verdade é um processo de pintura
com reação química que acontece na própria peça. O resultado final depende
muito do preparo da peça. Se a peça ficar bem lisa, o resultado final é
perfeito. A durabilidade é que não é a mesma de uma cromagem convencional. A
peça perde o brilho em menos tempo. Mesmo com profissional bem treinado, em 40%
das vezes o serviço dá errado e é preciso refazer.”
Há quem pregue a fabricação artesanal de grades de inox para
o MP Lafer, que resultaria em peças com menor necessidade de manutenção. Além
do problema de falta de originalidade que a peça metálica causaria, haveria o
desafio de moldar uma grade esbelta, que ficasse à altura do acabamento
esmerado de um MP Lafer.
Nas palavras de Romeu Nardini, diretor do Clube MP Lafer
Brasil, “todas as tentativas de fazer essa grade em metal foram desastrosas.
Ficam com visual pesado demais, grosseiro. Nunca vi uma que tivesse o mesmo
efeito da grade de ABS.”
A boa grade à casa torna
Portanto, a solução para cuidar bem de uma grade de ABS do
MP Lafer clássico, é buscar os mesmos profissionais que trabalharam para a
Lafer durante os anos em que o carro foi fabricado. Conforme antecipado por
Percival Lafer, a Nakahara Nakabara & Companhia Limitada, também conhecia
como PlastiCrom, segue em plena atividade.
Além da cromação em peças de plástico ABS, a empresa de São
Paulo faz cromação também em peças de alumínio e metais diversos, além de
trabalhar com projetos especiais e galvanoplastia.
Acostumados a lidar com clientes da indústria automotiva, de
setores de telecomunicação e de redes de hospitais, o pessoal da PlastiCrom tem
uma boa notícia: eles atendem os proprietários e restauradores de MP Lafer. No
entanto, o Romeu Nardini avisa:
“Se a grade estiver em bom estado, apenas sem brilho, é possível uma segunda cromação. O Nakahara consegue esse milagre. Mas não pode ter nenhum dano, ou risco profundo.”
O Paulo Simão, que tem um MP Lafer em Florianópolis, Santa
Catarina, nos traz um bom testemunho dos serviços:
“Em 2015, me deparei com a perda de brilho da minha grade.
E mais desesperado fiquei ao saber que não havia solução. Teria de comprar uma
nova?
Pergunta daqui e pergunta dali. Acabei por falar com o
Toninho (da Tony-Car Restaurações de MP Lafer, de São Bernardo do Campo/SP),
que indicou o Nakahara Nakabara. Pensem num atendimento nota 10. Mandei a grade
via Sedex e em quinze dias ela estava de volta. Impecável.”
Para quem deseja comprar uma grade nova de MP Lafer, a própria Tony-Car Restaurações encomendou moldes novos das grades, a partir de peças originais, incluindo o modelo inclinado desenvolvido para a versão TI, que teve boa aceitação entre proprietários do MP Lafer clássico. Vale lembrar que existem diferenças sensíveis entre as peças
fabricadas até 1978 e as posteriores, além das variações da versão TI.
Serviço:
Nakahara
Nakabara & Cia Ltda. – PlastiCrom
Endereço: Avenida
Corifeu de Azevedo Marques, 1316 - Butantã
CEP:
05582-001 - São Paulo - SP
Telefones:
(11) 3723-4222 e (11) 9-5590-1194
Horário de atendimento: segunda a quinta-feira das 07:00 as 17:00 horas; sexta-feira das
07:00 as 16:00 horas
E-mail: cromacao@nakaharanakabara.com.br
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Excelente matéria. Muito útil e Vale muito a pena publicar outras de igual teor.
ResponderExcluirAté sugiro um tema sobre todas:tipos, magnésio, alumínio, manutenção, polimento, etc.
Abraços a todos
Olá, realmente, na medida do possível, vamos retomar os artigos referentes à manutenção do MP Lafer. Grato pela sugestão sobre as rodas. Vamos estudar o tema.
ExcluirBoa noite. tenho um MP Lafer 1980, original, placa preta e gostaria de cromar a GRADE FRONTAL. Como proceder? Grato. Moro em Fortaleza CE
ResponderExcluirEntre em contato com o pessoal da PlastiCrom e verifique a possibilidade de enviar a peça pelos Correios ou serviço similar.
ExcluirNo Ceará desconhecemos empresas que fazem cromação de peças em ABS.