Prospecto do MP Lafer na Alemanha

Frente do folder promocional do MP Lafer na Alemanha.
Frente do folder promocional do MP Lafer na Alemanha. Clique para ampliar.

 

Antes da fama os Beatles tocavam em Hamburgo, cidade portuária que também é chave para compreender um capítulo da história do brasileiro MP Lafer.


Em meados da década de 1960 o governo brasileiro instituiu políticas para reforçar a industrialização da economia e incentivar a diversificação de produtos para exportação. Na ocasião um lema foi criado:

- Exportar é o que importa.

A Lafer, uma promissora criadora e fabricante de móveis articulados, aderiu aos esforços neste sentido e foi uma das marcas pioneiras em seu campo de atuação, levando suas instalações fabris para a cidade de São Bernardo do Campo, estrategicamente situada entre São Paulo e Santos. São Paulo já era a principal cidade do Brasil em âmbito financeiro, de crescente mercado consumidor, e Santos converteu-se na principal cidade portuária da América Latina desde o século 19, em função da exportação do café colhido no interior paulista e transportado por estradas de ferro.

Sistematicamente a Lafer desenvolveu uma rede de contatos na Europa e nos Estados Unidos, que foi muito útil quando o automóvel MP Lafer entrou em produção a partir de abril de 1974. Se ganhar o mercado norte-americano foi difícil nos primeiros anos, em função das rígidas normas em prol da segurança veicular e contra a poluição, o mercado europeu foi bem mais receptível, tendo Itália e Alemanha como principais compradores dos conversíveis brasileiros.

De São Bernardo do Campo para o mundo

Boa parte da produção do MP Lafer era destinada para os países da Europa. A Volkswagen, também sediada em São Bernardo do Campo na época, fornecia os chassis e o conjunto mecânico para a Lafer, que fazia as adaptações necessárias para implantar a carroceria de fibra de vidro, os acabamentos internos, incluindo os bancos e os estofamentos, além da fiação elétrica. 

Cada exemplar era testado no pátio da fábrica e posteriormente descia a Via Anchieta diretamente para o porto de Santos, cruzava o Oceano Atlântico e desembarcava no porto de Bremerhaven, na região de Hamburgo, na Alemanha, de onde era distribuído para os países do entorno. Os mais de 10 mil quilômetros entre os portos levavam de 15 a 20 dias para serem vencidos por via marítima. Se o destino fosse o porto de Genova, na Itália, o prazo aumentava para algo entre 20 e 25 dias.

Autohaus R. Kühn KG

Em Hamburgo existia a Autohaus Kühn KG, uma pequena empresa que surgiu em 1968 na cidade de Hamburgo, como fabricante de um buggy baseado no chassi encurtado do VW Fusca. A gama de carros neste estilo avançou nos anos seguintes, através das marcas HAZ, Hazard e Deserter - esta sob licença da empresa americana Dearborn Automobile Company, cujo modelo era oferecido também na forma de kit

Em 1975 surgiu a réplica da Bugatti Tipo 35 B, cujo projeto original era da Tiffany Motor Cars Bay Products Corporation, que também adotava o chassi do VW Fusca. O negócio durou até 1990. 

No final da década de 1970, porém, os alemães de Hamburgo comercializaram o MP Lafer, tanto que distribuíam um prospecto do modelo, uma espécie de encarte promocional baseado na versão brasileira, com o slogan "Pássaro da Liberdade".

Vogel der Freiheit

Não temos a data precisa deste prospecto, cuja reprodução está disponível neste artigo em frente e verso, mas podemos situar o documento entre os anos de 1976 e 1977, haja vista a altura mais a elevada entre os pneus dianteiros e os para-lamas. A partir de 1978, com a introdução da versão TI (Turismo Internacional), a Lafer passou a reduzir a altura entre estes componentes para melhorar o desempenho aerodinâmico dos carros. Com isso, os MPs perderam um pouco de sua imponência, mas ganharam alguns pontos em esportividade.

Assim como no VW Sedan (Fusca no Brasil, Beetle nos Estados Unidos), a suspensão dianteira do MP Lafer é ajustável por um sistema de catraca, de modo que muitos proprietários do modelo optaram por reduzir a distância entre os pneus e para-lamas mesmo nos exemplares mais antigos, de modo que são poucos os modelos que preservam a aparência mais alta. Não existe uma regra para isso, que não altera a originalidade do veículo. Então, essa regulagem vai do gosto de cada um, desde que o bom senso seja preservado.

Verso do folder promocional do MP Lafer na Alemanha.
Verso do folder promocional do MP Lafer na Alemanha. Clique para ampliar.


Agradecimento

O prospecto alemão do MP Lafer só chegou até seus olhos graças à intervenção do Miro Dudek, um polonês radicado na Alemanha que já morou no Brasil, onde comprou seu MP Lafer que migrou com ele e sua esposa Iracema para a Europa, quando a missão profissional  do Miro no Brasil foi cumprida. Como o Dudek domina bem os dois idiomas, o alemão e o português, ele acaba promovendo este saudável intercâmbio entre os entusiastas do MP dos dois lados do Atlântico.

O Dudek entrou em contato com o Klaus von Mocho, um apaixonado por MP Lafer que vive na cidade de Munique, que tem "apenas" três exemplares da marca em sua garagem. Mocho coleciona itens do carro na Europa e foi ele quem encontrou o prospecto, digitalizou e encaminhou para o site mplafer.net em março de 2021. Então, cabe o registro de nossa gratidão para ambos: Dudek e Mocho.

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