Quando a magia do conversível supera a magia do cinema

Uma cena isolada e um conversível estacionado não contam toda a história.
Uma cena isolada e um conversível estacionado não contam toda a história.

Por Jean Tosetto

Que me perdoem os músicos, os teatrólogos, os pintores, os escultores, os arquitetos e os poetas, mas nenhuma arte é tão arrebatadora quanto a sétima arte, o cinema. Você pode até se emocionar profundamente com uma música, uma peça de teatro, uma pintura, uma escultura, uma catedral ou um poema, mas somente numa sala de cinema você ficará em transe coletivo.

A soma bem concatenada das imagens em movimento, dos sons, dos cenários e dos personagens contando uma história, é capaz de nos transportar para uma realidade paralela, por vezes fantasiosa, por vezes surreal e por vezes cruelmente verossímil. Quando um bom filme acaba, ficamos com a sensação de querer mais. Não queremos nos levantar da poltrona para ir embora.

Isole os componentes de um bom filme e você não terá o mesmo impacto de todo o conjunto, por melhor que seja a trilha sonora, por mais bela que possa ser a fotografia de um frame, por mais carismáticos que possam ser os personagens.

Com um conversível na garagem ocorre algo semelhante. Por mais belo que o carro possa ser, com uma carroceria que lembra uma escultura, se ele estiver estacionado será só um objeto inanimado. O conversível precisa de você para acionar o seu motor. É assim que a sua magia começa.

Ao contrário da sala de cinema, onde você é um espectador passivo, ao volante de um conversível você é o personagem principal da história. OK, talvez um coadjuvante em relação ao carro, mas ainda assim fundamental. Quando você abaixa a capota e deixa a luz do sol entrar, é como se o diretor do filme exclamasse:

- Luz, câmera, ação!

O ronco do motor já é uma boa trilha sonora, mas nada impede que você ligue o rádio para ouvir sua banda favorita. O enredo fica mais interessante se alguém estiver ao seu lado. Logo, um triângulo amoroso se forma: você, seu carro e a pessoa que te acompanha.

Falta um bom cenário, mas você conhece o caminho até ele. É uma estrada cheia de curvas, brisas e cheiros. Sensações reais que o cinema só pode evocar, mas que não entrega realmente. Se na sala do cinema você está arrebatado, em transe, num conversível o arrebatamento não interrompe uma experiência real.

Então, você estaciona o carro nas margens arborizadas de uma lagoa serena e, ao se virar para pegar a cesta de sanduíches de ricota com mel, rouba um beijo da sua paixão, cujo sabor é uma sensação que o cinema também não consegue entregar. Um pequeno tijolinho de alegria para construir uma fortaleza intransponível de felicidade. Assim como num bom filme, você não quer que a história acabe.

Um bom filme pode ser visto e revisto várias vezes, mas um passeio de conversível com alguém especial é um acontecimento único. É um happening e isso não deixa de ser uma arte, posto que é composta da junção de outras duas artes: a arte de amar e a arte de guiar.

The end.




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