Galeria 2011: Esteves

TO BE OR NOT TO BE A MP?


No dia 03 de outubro de 2011, Roberto Esteves, do Rio de Janeiro, deixou a seguinte mensagem em nosso formulário de contato:

"Estou em negociação para a compra de um MP Lafer 1985. A compra, se efetivada, deverá acontecer ainda esta semana! A questão é que, segundo este site, foi justamente nesse ano que a fábrica mudou a numeração padrão dos MPs.

Como saber se de fato estou comprando um carro original e não uma cópia? O modelo anunciado é um "clássico". Em 1985 ainda era produzido o modelo clássico, ou só o "TI"? Será que a documentação traz o tipo de modelo? Peço, encarecidamente, que o editor deste site possa encaminhar minhas dúvidas a alguém do site que possa dar-me maiores informações."

Nossa resposta ocorreu no mesmo dia:

"Informe o número do chassi para que possamos lhe dar um parecer sobre a originalidade do MP Lafer 1985.

O modelo clássico foi produzido até 1988, junto com a versão TI. Algumas unidades foram licensiadas entre 1989 e 1990."

A partir de então um diálogo se estabeleceu ao longo dos dias:

"Permita-me agradecer pela rapidez da resposta, pois "aquele que oferece prontamente, oferece duas vezes". Viajo quarta-feira à noite e, se tudo correr sem imprevistos, deverei efetuar a compra na próxima quinta. Assim, vou tentar conseguir o número do chassi com o vendedor (por telefone ou e-mail).

Pelo exemplo que você acabou de dar de consideração e presteza, estou certo de que irei bem informado para o ato de ver e, enventualmente, adquirir o carro, conseguindo eu passar-lhe a informação do número do chassi. Registro, mais uma vez, meu agradecimento.

Em tempo: sou de longa data um apaixonado pelo MP Lafer, entretanto nada conheco do objeto da minha paixão, exceto o que tenho aprendido baixando, diariamente, os mesmos dois ou três sites. São muitas e boas informações - mas nada substitui a experiência!"

No dia 08 de outubro recebemos novas informações:

"Lá fui eu para o Rio Grande do Sul, sozinho, para avaliar o que desconheço e, comprar meio na confiança. Quanto a integridade moral do vendedor o MP Lafer, ela é inquestionável. O que me deixou algo preocupado é que ele comprou o carro numa agência, com cerca de 1000 quilômetros rodados e ficou com o carro por mais 24 anos, não sendo, em termos absolutos, uma pessoa envolvida com amantes de carros antigos, ou clubes e associações de carros antigos.

Outro ponto que me deixou desconfortável: ao contrário do anunciado (o anúncio foi postado por um familiar do proprietário do MP) o carro não era um 85/86 e sim um 1984. A questão do número do chassi gerou um desconforto muito grande no processo de compra. O número, que eu darei a seguir para a sua apreciação, não concorda com as informações registradas no site do mplafer.net...

Dstarte, fomos a duas concessionárias da Volks, lá na capital gaúcha, mas ninguém pode contribuir com informações! Funcionários muito novos para o carro em tela, pouco interessados, e por aí vai. Assim, meu caro amigo (permita-me, um vez que seja, chamá-lo assim) efetuei a compra assim mesmo no escuro (dirão os amigos-inimigos de atalaia: com antolhos). Bem, o carro virá por transportadora e deverá chegar na porta da minha casa daqui a sete dias.

Vamos aos dados do certificado de venda do veículo:
No espaço reservado para Marca/Modelo: VW/MP LAFER
Ano de fabricação e modelo: 1984
Chassi: W225584DETSP

Será que eu comprei uma cópia da cópia, ou mais provavelmente, um tal de modelo Enseada, que a julgar por algumas páginas da Internet, abunda no Rio Grande do Sul. Se a página do site mplafer.net parece que redigida em 2003) está correta, por certo entrei numa geladeira vendida para o Polo Norte, no Inverno de lá.

Abraços, perdoe-me chateá-lo com detalhes, mas confio soberanemente no seu saber e mesmo nas suas opiniões, fruto de muitos anos de dedicação a esse carrinho.

Em tempo: a placa atual é IIW 6700 e a anterior (julgo que de há mais de 24 anos): AN 1150"

Respondemos, mais uma vez:

"Pelo que está escrito na marca/modelo do documento, trata-se de um MP Lafer. O número de chassi realmente está conflitante.

Só teremos certeza da originalidade do carro assim que ele chegar. Tire fotos do freio de mão e da lateral do carro focando a base do para-lama dianteiro, além de fotos gerais do veículo. Assim que recebermos os arquivos em padrão JPG poderemos dar nosso parecer.

Se não for um MP Lafer original, não se preocupe ou se arrependa. Se você comprou o carro é um sinal de que gostou de seu estado de conservação. Assim que você dirigir o conversível, chegará a a conclusão de que a compra valeu a pena, pois você ajudou seu amigo."

Nova mensagem do Roberto:

"Tirarei as fotos assim que receber o veículo. Agradeço a resposta. Acredito que um dia terei o prazer de conhecê-lo pessoamente, em um desses encontros de MP que são comuns em São Paulo. Sou carioca, porém meu pai nasceu e foi criado no interior paulista (Jaboticabal). Além disso, tenho um carinho especial por algumas cidades paulistas, como Campinas, Rio Claro, Botucatu, Piracicaba e outras. Nessas cidades tenho alguns amigos e, nessa minha idade crepuscular, aprendi mais que nunca que bons relacionamentos são parte do patrimônio de uma pessoa."

No dia 17 de outubro finalmente recebemos as fotos do misterioso MP gaúcho:

"Seguem as primeiras fotos do carro que só chegou no último sábado. Ontem fui a um encontro de carros antigos no Museu Militar Conde de Linhares, aqui perto, em São Cristóvão. Infortunadamente, não encontrei nenhum "lafista" ou "laferista" ou qualquer nome que venhamos a inventar.

Ressalto isso porque, mais que nunca, estou dependente por completo do seu parecer do carro que fui buscar tão longe para somar aos MPs do Rio de Janeiro. É um MP? Ou uma cópia? É um TI modificado? E, fundamentalmente, que diabos de informação nos fornece o número do chassi?

Aguardo ansioso sua abalizada opinião."

O MP Lafer ainda na plataforma de transporte.

Volante de madeira. Painel apresenta instrumentos "craquelados".

Freio de mão em posição vertical: excelente notícia.

Motor VW com dupla carburação. Filtros de ar precisam de troca.

Placa de identificação da Lafer: últimas unidades do MP.

Nossa opinião, na verdade uma constatação, foi encaminhada no dia seguinte:

"Fique tranquilo pois seu MP Lafer é original!

A explicação para seu número de chassi, é que a partir de 1986 a Lafer teve o fornecimento do conjunto motriz da VW interrompido, em função do fim da linha do Fusca naquele ano, então a Lafer passou a comprar Fuscas seminovos para desmontar e fazer as modificações necessárias para manufaturar o MP. Por isso o ano saiu como 1984, pois o doador do chassi foi um Fusca 1984. Essa operação encareceu muito o valor do MP Lafer para venda, ajudando no fim de sua produção.

Pelo que vi das fotos, seu MP Lafer está bastante original, com exceção dos retrovisores alongados, que são de um modelo genérico. Mas é fácil trocar: basta procurar pelos retrovisores redondos e cromados do Opala da linha dos anos 70.

Se você permitir, podemos em breve publicar as fotos do MP na seção Galeria. Aí pedimos um parecer do Walter Arruda, presidente do Clube MP Lafer Brasil, sobre a numeração do chassi, até para que possamos atualizar o Guia de Compra do MP.

Parabéns pela aquisição e espero que curta seu conversível em inúmeras oportunidades!"

O Roberto Esteves ficou contente:

"Sua resposta me trouxe muita alegria. Andei tremendo nos "alicerces", mas sua notícia alvissareira me tranquilizou por completo. Para mim, "laferista" bisonho, o conjunto de suas informações constituiram-se em novidade absoluta.

Sim, será motivo de orgulho ter as fotos do meu carrinho no nosso site. Mesmo a foto do chassi, se você achar pertinente mas, nesse caso, acho que seria interessante, associar o seu depoimento à foto. Para alguns esse tipo de informação pode ser muito importante, haja vista que eu por pouco não deixo de comprar o carro, já que o meu entendimento sobre número do chassi era outro.

Um pouco da história do carrinho: ficou apenas um ano nas mãos do primeiro proprietário e 24 anos com o segundo, um médico muito prestigiado e acolhedor, residente em Porto Alegre. Numa triangulação pequena: consultório, clínica própria e hospital, passou o carrinho esses 24 anos, o que justifica os 38.000 quilômetros rodados nesse quase 1/4 de século, recebendo sempre manutenção privilegiada por parte do médico em apreço.

Aqui no Rio ainda estou sem pai e sem mãe para me orientar sobre um bom mecânico, despachante, etc. Destarte, se o meu caro Jean puder passar meu e-mail para algum laferista aqui da Cidade Maravilhosa eu ficaria muito grato.

A rigor, após passar pela vistoria aqui do Detran (o que no Rio não é pouca coisa não) eu pretendo fazer uma restauração do carro com o Toninho em São Bernardo do Campo. Mas isso é outra história e, desconfio que eu já o estou cansando com esse longo e-mail. Muitíssimo grato pela atenção e pela presteza das informações."

Nossa resposta, no dia 20 de outubro de 2011:

"Esta semana está sendo muito corrida aqui no escritório e não consigo responder imediatamente todos os e-mails que chegam. Mas fique tranquilo que em breve – algumas semanas – vamos contar a história de seu MP Lafer na seção Galeria do site. Creio que outros entusiastas na mesma situação poderão se beneficiar com este episódio compartilhado."

Novas fotos chegaram em 05 de novembro de 2011:

"Fiquei feliz com a perspectiva de ter o nosso carrinho no site gerenciado por você. Há cerca de três semanas eu enviei outras que serviram para você desfazer algumas dúvidas sobre a minha aquisição. Enviei, também em e-mail posterior a história do carro.

De novidade, talvez, apenas que já entrei em contacto com o Toninho e acertei a recuperação total do carro na oficina dele. Já entrei em contacto com uma transportadora aqui do Rio. Pretendo deixar o carro zero quilômetro, como legado nosso ao século 22.Fique à vontade para incluir no site qualquer fotografia e informação a você por mim enviadas.

Em tempo, o carro desce do reboque em frente à minha residência que fica em frente ao portão principal do Maracanã e que recebe diariamente centenas de visitantes para acompanhar a obra do mesmo. Aparecendo um lafista por aqui é só ele atravessar a rua."

O MP do Roberto descendo a plataforma em frente ao estádio carioca.

Nova garagem para o carro que ficou 24 anos no Rio Grande do Sul.

O conjunto de faróis auxiliares compõe um bela imagem.

Ufa! A história está aí, pelo menos os primeiros capítulos! 


Vejam como o Esteves foi generoso conosco no dia 12 de novembro de 2011:


"Fiquei muito feliz com o que podemos definir como o meu "batismo oficial" no mundo do MP Lafer, após a colocação das imagens do carro no site em tela. Acompanhando as fotos, nos deparamos com um processo de encadear as partes diversas de nossa trocas de mensagens, que faz justiça ao seu modo acadêmico de "dirigir" um site: é um processo didático, cristalino, informativo e, oxalá, também formativo.

Como você. sabe, nos dias de hoje, com toda a mídia, comum é informar (bem ou mal), mas anda ficando raro o formar. Em tempo: naturalmente pretendo dizer do meu orgulho no próprio site tão bem orientado por você. Mas, devedor que sou, e muito, da atenção dada às minhas dúvidas, quiz reiterar o quanto sou grato."


Um comentário:

  1. Que bela história hein?
    Com direito a suspense Hitchcockiano.
    Lendo a matéria e torcendo ao mesmo tempo para que o carro fosse um verdadeiro e autentico MP Lafer.
    E no final, valeu a torcida.
    Nosso amigo Esteves tem nas mãos um carro com uma história muito legal, com um belo passado, afinal um carro com o mesmo dono há 24 anos, não se encontra a toda hora.
    Parabens Roberto, pela ótima aquisição e pela decisão de melhorar ainda mais o carrinho, fazendo uma restauração pela mãos do Toninho.
    O Clube MP Lafer Brasil está a sua disposição para ajudá-lo no que for preciso.
    E parabens Jean, por conduzir tão bem as orientações dadas ao novo Laferista.
    Romeu.

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