V Grande Prêmio Argentino de Baquets

Imagem para ampliar e transformar em fundo de tela de seu computador pessoal.
Imagem para ampliar e transformar em fundo de tela de seu computador pessoal.

O CAdeAA - Club Amigos de Automóviles Antiguos - promove anualmente uma prova platina de longa duração para veículos veteranos de configuração esportiva, alternando os cenários e homenageando um grande piloto a cada edição.

Texto: Orlando Bongiardino - Tradução: Jean Tosetto - Imagens: cortesia CAdeAA

As baquets - máquinas pioneiras do esporte a motor argentino entre 1926  e 1936 (em seu  período de rotas abertas) – não eram outra coisa que carros comuns aliviados de componentes prescindíveis como carroceria, para-lamas e para-choques; e que utilizavam toda a mecânica, chassis e a parte frontal desde a máscara do radiador ao painel de instrumentos - vulgo motor. Assim desprovidas, só era necessário agregar a elas um par de assentos - “bucket”, balde em inglês, por sua semelhança a um balde cortado em diagonal - um tanque de combustível e duas rodas de auxílio.

A quinta edição do Grande Prêmio Argentino de Baquets, disputada entre 12 e 21 de setembro de 2015, se denominou “Costas e Quebradas”, pois a rota eleita atravessou quatro províncias em direção ao oeste argentino: Córdoba, San Juan, La Rioja e Catamarca, em homenagem ao piloto de origem polonesa Carlos Zatuszek.

A largada ocorreu em Carlos Paz e suas etapas compreenderam Valle Fertil em San Juan; Chilecito em La Rioja; Belén e Andalgalá em Catamarca. A chegada foi na praça central de San Fernando del Valle de Catamarca.

Cactus visitados pelas baquets numa relação de escala surpreendente.
Cactus visitados pelas baquets numa relação de escala surpreendente.

Longos trechos em subida testam a saúde de motores e pilotos nos rincões argentinos.
Longos trechos em subida testam a saúde de motores e pilotos nos rincões argentinos.

Trecho de asfalto para aliviar o esforço nas costelas dos tripulantes
Trecho de asfalto para aliviar o esforço nas costelas dos tripulantes.

Os pontos destacados do percurso foram: Túneis de Chepes, Ischigualasto - Valle de la Luna, Chilecito, Sañogasta, Cuesta Huanchin, Vuelta al Pique, Famatina,  Pituil, Ruínas e Museu do Shincal, Londres, Belen,  Hualfin, Minas Capillitas,  Costa Capillitas (a mais comprida do mundo), Costa das Chilcas,  Costa do Singuil, Costa do Totoral, Diques Sumampa e Azulón, Caminho aos Gigantes, O Chiflón, Quebrada de Cóndor Huasi (a 3.200 metros de altitude em relação ao nível do mar)  Túnel da Merced (o mais comprido em montanhas da América ) e a belíssima e famosa Costa do Portezuelo. As subidas desta edição, somadas, alcançam os 13 mil metros – equivalentes a quase dois Aconcaguas, que possui 6.961 metros de altitude.

Se somarmos os quilômetros percorridos por todos os carros nos cinco Grandes Prêmios chegaríamos aos 150 mil quilômetros.

Foi uma prova dura para tripulações e máquinas, mas o aspecto extraordinário das paisagens desfrutadas e a solidariedade de todos os participantes fizeram deste GP outra experiencia inesquecível.

As máquinas cruzam o leito pedregoso de riachos, arrefecendo os pneumáticos.
As máquinas cruzam o leito pedregoso de riachos, arrefecendo os pneumáticos.

A baquet emplacada no padrão argentino significa que seu dono pode transitar com ela pela civilização.
A baquet emplacada no padrão argentino significa que seu dono pode transitar com ela pela civilização.

Vencendo a poeira e se protegendo do sol atrás do volante, em direção ao oeste argentino.
Vencendo a poeira e se protegendo do sol atrás do volante, em direção ao oeste argentino.

O Grande Prêmio Argentino de Baquets não é uma corrida. O melhor prêmio é chegar. Deste modo, todos tiveram seu prêmio. A velocidade é sempre controlada e o objetivo é descubrir o interior do interior do país, extraordinariamente pródigo em paisagens e hospitalidade de sua gente.

A reunião anterior causou surpresa no exterior, já que não se conhece evento dessa natureza no mundo e, muito menos, com a amplitude de paisagens que tanto impressionam os estrangeiros. A vista do horizonte em 360º, sem casas nem pessoas, é um luxo que muito poucos países ainda podem oferecer.

O vento na cara, a sensação de liberdade, a integração com a paisagem e a chegada a povoados remotos fazem a diferença. As pedras e o barro do caminho são, muito mais do que um problema, uma benção e a prova cabal de onde temos estado e por onde passamos. São brasões de guerra que trazem dignidade aos veículos e aos seus tripulantes.

O GPAB é organizado pelo CAdeAA, Club Amigos de Automóviles Antiguos, instituição sem fins lucrativos fundada há 37 anos e com destacada experiência em longas viagens.

Guiar com o co-piloto ao lado remete ao conceito original das antigas corridas de baquets.
Guiar com o co-piloto ao lado remete ao conceito original das antigas corridas de baquets.

O cartaz em português do sexto GPBA avisa que baquetes estarão disponíveis para serem alugadas. Será que algum brasileiro se habilita? Seria um sonho para nós.
O cartaz em português do sexto GPAB avisa que baquets estarão disponíveis para locação. Será que algum brasileiro se habilita? Seria um sonho para nós.

As edições anteriores foram a Rosario (duas vezes), Cariló-Pinamar e San Martin de los Andes. Todas amplamente satisfatórias e com uma convocatória e repercussão sempre ascendentes. A próxima edição, a sexta, será realizada em 2016 em honra de Raúl Riganti e se denominará “Pela terra de vulcões”, entre 30 de outubro e 05 de novembro.

Veja também:

O Editor Volante recomenda o livro do MP Lafer
Encomende o seu exemplar!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O seu comentário construtivo será bem vindo. Não publicaremos ofensas pessoais ou dirigidas para qualquer entidade. EVITE ESCREVER SOMENTE COM MAIÚSCULAS. Não propague spam. Links e assuntos não relacionados ao tema da postagem serão recusados. Não use termos chulos ou linguagem pejorativa.