Clássicos de Competição: a emoção de quem esteve lá

Por Romeu Nardini

Competidores da Super Clássic se dirigem ao grid de largada.

Durante as comemorações do aniversario da cidade de São Paulo, (25, 26, 27 e 28 de Janeiro) tive a felicidade de participar do evento Clássicos de Competição, no Autódromo José Carlos Pace (Interlagos).

Uma mega festa, focada principalmente nos carros, nas corridas e trazendo de volta a Interlagos os pilotos, chefes de equipes, projetista, construtores, mecânicos, e jornalistas de antigamente.

Foi muito bom rever pilotos e conhecer pessoalmente algumas “feras” do passado os quais jamais imaginei poder ter contato um dia, mesmo mais de 40 anos passados.

Muita emoção ao ver de perto e poder conversar com Bird Clemente, um dos meus primeiros ídolos dos anos 60, quando pilotava os DKWs (minha grande paixão) da Equipe Vemag. A palestra dada por ele juntamente com outros ícones, como Luiz Pereira Bueno, e Mario César Camargo Filho, o Marinho, intermediada por Jan Balder emocionou, não só a mim, mas a muitos dos presentes, com suas histórias sobre corridas, os bastidores e principalmente as dificuldades de competir com carros da nossa recém iniciada indústria automobilística.

Wilson Fittipaldi (c) e o Coopersucar 001.

Wilsinho Fittipaldi, também foi personagem que causou muita emoção em todos os presentes (e se emocionou também) ao dar algumas voltas no autódromo com o Coopersucar 001, impecavelmente restaurado. Mesmo que tardiamente, recebeu ali o devido respeito e consideração que faltou no passado.

Outros pilotos como Toco Martins (Equipe Simca) e Emilio Zambello (Alfa Romeo) agradaram bastante com uma palestra cheia de descontração e bom humor. Anísio Campos, projetista, construtor, piloto, um verdadeiro artista, esbanjou conhecimento ao expor suas idéias e contar histórias. Pedro Vitor De Lamare, também abriu o jogo contando tudo o que viveu aqui e quando foi correr no exterior.


Enfim, essa troca de experiências, a simpatia mutua entre fãs e pilotos, proporcionaram uma alegria contagiante ao evento. O sorriso e a euforia de todos foram proporcionais à grandeza do evento. Pilotos foram resgatados e puderam com muita alegria perceber o quanto ainda são respeitados e lembrados.

Sidney Cardoso assina Karmann-Ghia Porsche com o qual correu no passado.

O ex-piloto Sidney Cardoso, pôde rever o seu Karmann-Ghia Porsche, que nos anos 60 havia adquirido da Equipe Dacon, quando esta encerrou atividades e com ele participou de varias corridas pelo Brasil. O carro recentemente encontrado, está devidamente restaurado por colecionadores (Irmãos Marx de SP) e foi autografado pelo ex-piloto em um momento que comoveu a todos os que presenciaram a cena. Sidney atendendo a pedidos assinou e também colocou “in memorian” o nome de seu irmão Sérgio, também piloto do carro, que faleceu após acidente nos treinos de uma corrida nas ruas de Petrópolis, em 1968.

O domingo ainda teve uma prova da categoria Super Classic, o xodó do momento entre os fãs do automobilismo. O colorido desfile dos “antiguinhos” disputando curvas e freadaspelo autódromo, é um caso à parte.

Alguns carros como o DKW # 96 do jornalista/piloto Flávio Gomes, tem até torcida uniformizada, comunidade no Orkut, reprodução miniaturizada, figurinhas em álbum, entre outros “fricotes”. Dizem até, que pode virar história em quadrinhos... Esse carro divide a minha preferência com outro carro muito simpático. O MP Lafer #2 do piloto José Maria, que conquistou um brilhante e honroso 7º lugar nesta prova.

DKW #96: torcida organizada.

Enfim, emoções, emoções, foram muitas emoções neste prolongado fim de semana, atingindo um grande número de saudosistas, gente que aprendeu a viver o automobilismo na sua essência, no seu amadorismo inicial, nas suas dificuldades, e nas suas glórias. Elegeu seus pilotos e carros preferidos.

MP Lafer #2, do piloto José Maria.

Mas também comoveu jovens que se interessaram e se propuseram a conhecer e saber como tudo começou. Sim, emocionou e comoveu, pude perceber muito “marmanjo” com lagrimas nos olhos, durante esses quatro dias.

Por falar nisso, alguém aí tem um lenço para me emprestar?

Até a próxima.

Publicado originalmente no site www.maxicar.com.br/old

Veja também:

Clássicos de Competição 2007 - por Nelson Porto

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